Hoje ninguém mais se surpreende quando ouve alguém dizer que a população brasileira pobre diminuiu. Sabemos que novos ocupantes estão emergindo para as camadas sociais mais elevadas e com isso, um novo cenário vem surgindo e obrigando as pessoas a se adaptarem às novas diretrizes.
São culturas diferentes interagindo umas com as outras, compartilhando dos mesmos espaços, objetos e produtos. Cada qual com sua ideologia cultural começam a compor esse novo cenário. Identidades divergentes se interagem em um mesmo espaço a favor de um mesmo ideal: o consumo. Notebooks, smartphones, iphones ou qualquer outra invenção tecnológica do momento podem ser facilmente consumidas por todos, não é necessário ter escolaridade ou status profissional para estar na moda, basta ter condições financeiras para adquirir os produtos.
Hoje, as classes sociais menos favorecidas tem mais poder de compra nas mãos e, vislumbrados com o poder da sociedade de consumo, eles estão consumindo mais. O fato é que mais dinheiro possibilita mais consumo, que gera mais desenvolvimento para o país e assim, faz os brasileiros mais felizes e satisfeitos por terem condições de comprar uma nova TV. É como dizem, “você é o que você consome”.
Ao que tudo indica, ter acesso a cultura e a educação de qualidade parecem não representar um fator relevante. O sociólogo Costa Ribeiro, afirmou que “no Brasil, as possibilidades de uma pessoa são influenciadas por muitos fatores, como a renda, o patrimônio, o nível cultural da família, bem como pelas redes de relacionamento”. Assim sendo, quais tipos de possibilidades essas novas redes de relacionamento trarão aos ex-pobres? Penso que o novo cenário está propenso a um grande choque cultural e ideológico.
Os governantes antes de afirmarem a mobilidade social de um dado grupo há de se preocupar com os níveis de informação, cultura, qualificação profissional e ensino que estes deverão ter para se manter nas camadas sociais mais elevadas. Para ter uma população em níveis melhores de vida é necessário, antes de tudo, estimular o consumo por cultura, informação e educação.
Jussara Assis