26 de novembro de 2012

O confronto


A partir de um trabalho realizado na disciplina Ética em Relações públicas, a professora nos solicitou que fizéssemos uma produção artística, tendo como referencia alguns textos que nos questionavam sobre vocábulos, que conceituam sensações que afligem a alma humana.

No poema, abordo a relação dialética entre o amor como verbo e o que entendo sobre o mesmo. Abaixo fora feito um vídeo pelos outros componentes do grupo, que remete a mesma ideia de confrontação sugerida no poema.


O confronto

Em uma tarde ensolarada de sábado,
O amor concebido daqueles dois olhares de desejo,
Berrou faminto dizendo: “Decifra-me ou devoro-te"
Ambos pensaram em algo e deram como resposta,
O burocrático e eficaz silencio.
Amordaçaram o clamor de suas vontades latentes.

O amor, então, cheio de si afirmou:
Viverão o amor como verbo aprendido na escola do mundo.
Ação demagógica de vínculo carnal entre indivíduos desejosos.
Pois o que sentem, de fato, nunca será revelado a ninguém.
Ficará destinado a sua multidão de dentro com suas vozes dissonantes.
A essência de tudo ficará guardada dentro de seus corações duvidosos.

E disse mais:
E tudo em meu nome, como verbo, será ambíguo.
Acharão virtuoso o gesto de matar e morrer.
Sentirão o gosto amargo do fel, toda vez que em vão
Proferir meu nome nas madrugadas sem emoção.
Se não me definirem logo, nunca saberão o que seja viver.

E os dois olhares de desejo se levantaram de sua alcova.
Perplexos e eufóricos imaginando tudo aquilo ser um pesadelo.
Por alguns segundos, ambos se olharam a contento.
Mas logo, cada um virou se para o seu respectivo canto/mundo.
De um lado uma alma em chamas cheia de paixão e ternura.
De outro lado um corpo frio, apático e vazio de sentimento.

Fábio César Marcelino