20 de janeiro de 2012

Show da realidade na telinha da TV



“Se você pudesse me dizer
Se você soubesse o que fazer
O que você faria?
Aonde iria chegar?”

O trecho da música acima lhe é familiar? Infelizmente, a resposta é sim. Há doze anos que essa alegre melodia invade as casas de milhões de telespectadores que não perdem um dramático e explícito show de “realidade”.

Para os que têm o prazer de não conhecer a melodia acima, informo que se trata da música tema do Big Brother Brasil, programa exibido pela Rede Globo.

“Se você soubesse quem você é

Até onde vai a sua fé

O que você faria?
eu pagaria pra ver?”

                                             
Seria a falta de fé de milhões de brasileiros que os fazem prestarem atenção nas conversas, banhos de piscinas, desfiles de corpos estruturais seminus e outras coisas que não me atrevo a comentar, como o suposto estupro ocorrido dentro da casa, que impede que os telespectadores saibam quem eles próprios são? Eu não pagaria para ver, não mesmo. Até por que a resposta está no sucesso de audiência que o reality alcança ao longo da sua trajetória.

“Se pudesse escolher
Entre o bem e o mal
Ser ou não ser
Se querer é poder
Tem que ir até o final
Se quiser vencer!”

E, se você pudesse escolher? Você continuaria escolhendo assistir 14 supostos heróis e guerreiros se exibindo para dezenas de câmeras e espectadores famintos por batalhas sangrentas e cenas picantes? Enquanto isso, centenas de crianças estão morrendo sem ter o que comer e outras milhões de pessoas, inconscientemente, estão também deixando morrer a cultura e o respeito ao próximo e a si.

“Escolher entre o bem e o mal”... Parece até uma ironia, mas é você quem deve escolher, pois afinal “querer é poder”, já disse o autor da música.

Bom, sinceramente, faço votos que boas escolhas sejam realizadas pelos consumidores da TV brasileira. Infelizmente está cada vez mais difícil ligar o aparelho para prestigiar o triste show da vida humana.

Até breve.

Jussara Assis

11 de janeiro de 2012

Música e Religião



A data de 18 de dezembro de 2011 entrou para a história da comunidade gospel brasileira, como uma data profana e sagrada. Neste dia, a Rede Globo exibiu na sua programação um show gospel denominado Festival Promessa que, em termos de público foi um fiasco; mas a repercussão grandiosa. Um grande racha no meio gospel estabeleceu-se: para alguns, a propagação da palavra de Deus; para outros, uso da palavra de Deus para ganhar dinheiro. Mas todos são unanimes em afirmar que a canção gospel não é só uma mera composição musical, em termos populares, é uma musica de Deus. Me faz lembrar o saudoso Nelson Rodrigues que afirmava: “Toda a unanimidade é burra”.

Na atualidade, a música é, sem sombra de dúvida, instrumento de comunicação. Dotada de poder simbólico e capital cultural – segundo os especialistas, tem o poder de interferir no curso dos acontecimentos, provocando reações, agitando as massas, enfim, influenciando as ações dos outros por meio da produção e transmissão de formas simbólicas – a música religiosa trás consigo valores espirituais, crenças salvacionistas e, de certa forma, algum antagonismo que, na maioria das vezes,  fazem estas instituições religiosas rivalizarem  entre si pelo o monopólio da fé.

Por ter cunho religioso, estas canções teriam que trazer mensagens de fé e amor independente de raça, religião ou cultura. Mas, em busca deste monopólio, estas mesmas músicas criam um abismo enorme entre nós seres humanos – indivíduos de muita religião e pouca fé. Como nós não conseguimos classificar a magnitude de Deus, damos a Ele, atributos humanos e, é como se o próprio Deus assinasse a autoria destas composições.

Leonardo Boff, colunista do Jornal O Tempo, escreveu um texto denominado “Ver e ouvir a natureza, e não só vê-la, como é o nosso hábito” fala como não conseguimos entender as mensagens que a natureza nos envia. Filosofo e teólogo, ele afirma que a revelação divina se faz primeiramente pela natureza: através da sinfonia dos pássaros, da melodia das cachoeiras, do assovio dos ventos etc. Mesmo maltratando a natureza ela canta e sorri para nós.

Sendo assim, fico com a música da natureza; sem maltratar aos meus ouvidos, ela me convida a um exame sem extremismo a um olhar crítico e fraterno para todas as coisas que me rodeia. Explicando-me, sem delongas, que todos somos filhos de Deus.

Fábio César Marcelino


3 de janeiro de 2012

Retrospectiva 2011


Mais um ano termina e o clima é de retrospectiva, previsões, simpatias, promessas, ceia, festas, fogos de artifício etc.
Todas as emissoras preparam a sua clippagem, sobre os principais fatos ocorridos no Brasil e no mundo, recortam e montam vídeos e roteiros quase que cinematográficos com cenas de acontecimentos verídicos, mas típicos de filmes hollywoodianos.
São muitas emoções... Porém, ano termina e ano começa, retrospectivas são apresentadas e... É, realmente não parece que as coisas estejam muito mudadas, não acha?
Vejamos, os recortes se constituem basicamente de tragédias naturais, crimes bárbaros, crises econômicas ou políticas, shows de ídolos pop’s nacionais ou internacionais que tiveram mais visibilidade no ano, nascimentos de filhos personalidades e casamentos reais ou de famosos.
Puxa, quanta notícia boa para ser relembrada!
A mídia mais uma vez segue a ordem natural de sua índole que, segundo Mauro Wolf, em Teorias da Comunicação (2005), afirma que “quanto mais negativo, nas conseqüências, é um acontecimento, mais probabilidade tem de se transformar em notícia”.
Não me admira ver os tipos de recortes que são exibidos nas retrospectivas de 2011. Cabe a cada um de nós escolhermos os produtos midiáticos que iremos consumir em 2012 reafirmando ou não esse caráter negativo e carregado de violência.
Assim, desejamos um novo ano com escolhas conscientes e conquistas merecidas.
Até breve,
Jussara Assis