28 de agosto de 2013

Um novo olhar sobre todas as coisas

Happy hour com os amigos, show no final de semana, almoço em família ou uma simples conversa com velhos amigos. Em cada uma dessas atividades há um elemento comum. Você sabe qual é? Pensou em algo do tipo: amizade, companheirismo, alegria, descontração e muita, mas muita interação? Parabéns, você acertou. Porém há um detalhe: todas as situações descritas são intermediadas, ou melhor, são interferidas por smartphones, tablets, iPhones, iPads etc.

Durante um show, por exemplo, as pessoas deixaram de prestigiar a sensação do “ao vivo” e passaram a assistir à apresentação por meio das telas dos aparelhos. Mas engana-se quem pensa que é apenas durante o show que isso ocorre. O mundo hoje passou a ser experimentado e vivenciado através das telas. Veja que ironia, até este post!

Viver e ver o mundo pelas lentes da tecnologia não é ruim, pelo contrário, hoje é necessário. A problemática está no exagero da forma como esse corriqueiro hábito acontece. É impossível conversar com um amigo sem que ele, ou mesmo você, desgrudem os olhos das telas. Os alertas de atualizações e mensagens chegam a todo o momento e, consequentemente, a atenção passa a ser dividida com o aparelho. Assistir uma aula sem rolar a barra de atualizações do Facebook e postar comentários do tipo: “Tédio em Faculdade Tal” parece algo impossível. Mas não se assustem está tudo de acordo com os padrões da “normalidade” contemporânea. Por isso mesmo, O escritor Douglas Rushkoff denominou essa geração de 'screenagers'' (de ''screen'', tela e teenagers, adolescentes), ou seja, os jovens da época da tela. 

Por causa desse comportamento quase geral muitas campanhas publicitárias (Copo off-line; Larga o celular e curta o momento; Boteco. A verdadeira Rede Social) estão sendo planejadas para minimizar os impactos do uso descontrolado de smartphones, iPhones e similares. Como destaque está um pequeno vídeo, postado dia 22 de agosto, no Youtube, que relata como foi o dia de uma garota que esqueceu seu smartphone em casa. O vídeo já alcançou mais de 10.662.734 visualizações. Vale a pena conferir e pensar um pouco mais a respeito desse tipo de comportamento. Afinal, as tecnologias continuarão evoluindo para a nossa felicidade. Temos apenas que observar quem serve quem nessa brincadeira: será você a serviço da tecnologia ou o contrário?

Quem sabe não é o momento de também “esquecer” o smartphone em casa e retornar a ver o mundo pela lente de seus próprios olhos? 

#ficaadica




Até breve,
Jussara Assis

8 de agosto de 2013

MTV Brasil: um caso de concentração de mídia

A partir do mês de abril, a MTV Brasil migrará do sinal aberto para o fechado.  O canal de televisão é fruto de um acordo de licenciamento entre o Grupo Abril, importante empresa brasileira de telecomunicações e a Viacom, conglomerado americano de grande relevância para o mercado mundial do entretenimento.

A empresa brasileira tem licença para operar a MTV no Brasil até 2018, mas preferiu terminar a parceria, por estar passando por um processo de estruturação. A programação do canal para sinal fechado apresentará um novo formato, pois além da música, haverá outras atrações como filmes, seriados e reality shows etc. Tal mudança não será nenhum degredo para emissora, pois o mercado de TV a cabo no Brasil é bastante promissor.

Essas parcerias de empresas brasileiras com grupos supranacionais de telecomunicações são corriqueiras, e se intensificaram no governo de Fernando Henrique Cardoso, com a instauração da Lei do Cabo (Lei8977/1995) que, em suma, foi mais uma medida, dentre tantas outras de seu governo neoliberal, de privatizações e livre circulação de capital estrangeiro.

Tanto O Grupo Abril como a Viacom se estabelecem através de oligopólios, ou seja, o negócio de ambas as empresa são baseados na concentração de propriedade. O jornalista e sociólogo, Venício Lima, nomeou o processo como Integração horizontal, vertical e cruzada das indústrias das comunicações. Grosso modo, o processo seria a ação coordenada de várias empresas no mesmo grupo.

Em escala global, A Viacom possui marcas em diferentes mídias no setor de comunicação (jornais, revista, rádio, televisão etc). Segundo o site da empresa, são mais de 160 canais locais e mais de 500 propriedades de mídias digitais. O grupo, ainda, produz e comercializa seus produtos midiáticos. O grupo é detentor das marcas MTV, Nickelodeon, Paramount, EPIX, VH1 etc.

Já o grupo Abril, não tão abrangente, como a mega empresa americana, mas com um vasto poderio, mantém marcas, também, em diferentes mídias como: jornais, revistas, radiofusão e mídias digitais. Segundo o site da empresa, sete em cada dez revistas de maior circulação no Brasil, são do grupo.

O certo é que a concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucas empresas coloca em risco a liberdade de expressão, a democracia e a diversidade. Pois, informação é poder, e quem a possui, tem o “poder mágico” de enquadrar a realidade de acordo com sua ideologia.

O termino da parceria entre os conglomerados midiáticos não afetará quase em nada seus negócios, tendo em vista, que as empresas conhecem bem as peripécias do mercado. O Grupo Abril ainda não se pronunciou sobre o futuro de sua concessão de rádiofusão: se a mesma ficará vaga, ou se será ocupada por outro canal. O que se pode projetar, é que ambas as empresas vão ampliando seus impérios cada vez mais estruturados, ganhando quantias astronômicas e ditando regras e normas de conduta.

Confira o vídeo da primeira transmissão da MTV Brasil em solo brasileiro.


Fábio César Marcelino