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Fonte: Netvasco |
Quando o juiz apitou pela última vez, na vitória
histórica e apoteótica da seleção alemã sobre o Brasil, por 7 a 1, em Belo
Horizonte, na partida válida pelo mundial deste ano, retirou-se do scret
canarinho de 1950 a alcunha de seleção eternamente maldita. Barbosa, lá da
eternidade, não precisa se preocupar tanto com aquela bola chutada pelo
uruguaio Gigghia, aos 34 minutos do segundo tempo, naquela tarde fatídica de 16
de julho de 1950, no Maracanã.
A derrota de 1950 ficou conhecida como
“Maracanazo”, nome dado pela imprensa uruguaia à épica conquista do título da
Celeste Olímpica, no mundial daquele ano. A imprensa brasileira elegeu Moacir
Barbosa do Nascimento, o Barbosa, o então goleiro da seleção, como um dos principais
responsáveis pela derrota canarinho. Barbosa ficou marcado para sempre.
Como em todas as produções de entretenimento
devem existir heróis e vilões, Barbosa protagonizou o papel de maldito por mais
de 64 anos. Neste período, o goleiro foi pauta corriqueira para imprensa
brasileira, principalmente no período de copa do mundo. Livros, filmes e matérias jornalísticas
exploraram e esgotaram a temática, escancarando a vida do pobre goleiro que
morreu aos 79 anos, em 2000, no ostracismo, sem honra e sem glória.
O documentário “Barbosa”, produção de 1988 de Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado, conta a
história de um cientista que inventou uma máquina do tempo e foi parar no ano
de 1950 com o objetivo de impedir que Giggia anotasse o gol que deu o título
aos uruguaios. Se daqui alguns anos, inventarem uma máquina como essa, como
seria evitar o vexame?
O certo é que a alcunha de maldito não pertence
mais a seleção de 1950 comandada por Flávio Costa e muito menos a Barbosa.
Agora, sabemos que a nova data insossa é a do dia 8 de julho de 2014. O
episódio da última terça-feira, sem sombra de dúvida, é mais um “Maracanazo”,
ou melhor, um “Mineirazo”, ou até mesmo um “Minenarbeiter” – mineiro em alemão.
A imprensa brasileira ainda está digerindo o
resultado, no entanto, o mote para a história já existe, os personagens também,
faltando apenas definir os “mocinhos” e os “vilões” dessa trama que está
prestes a nascer.
Pra terminar, outro dado e um questionamento: a
seleção jogou a Copa do Mundo de 1950, de branco. Mudou para amarelo devido
aquela derrota para o Uruguai. Será que depois desta derrota acachapante para
os alemães, a seleção brasileira jogará de verde, a cor da esperança?
Fábio César Marcelino