16 de dezembro de 2013

Parabéns, futebol mineiro!

Arte: Revista Veja BH
O ano de 2013 é, sem dúvida nenhuma, o mais vitorioso do futebol mineiro. A inédita conquista da Taça Libertadores da América, pelo Atlético e o tricampeonato do Brasileirão, pelo Cruzeiro, deveriam ser pauta para boas reportagens e matéria por parte da mídia nacional. Deveriam, mas não são.

Todos nós, cidadãos/torcedores que moramos em outros estados da federação fora do eixo Rio-São Paulo, sabemos desta máxima. Eles preferem atenuar as mazelas e peripécias dos clubes do eixo, do que mostrar a eficácia presente dos times mineiros.
Vasco e Fluminense, se não haver virada de mesa, devem figurar na Série B, em 2014 e, não teremos na Taça Libertadores, nenhum clube grande da capital paulista. Prejuízos à vista.

Segundo o jornalista Cosme Rimoli, Flamengo e Corinthians recebe, cada um, R$ 120 milhões da Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro. No Brasileirão deste ano foram transmitidas 28 partidas do Corinthians e 21 partidas do Flamengo, em TV aberta. Este tipo de exposição faz com que as duas equipes consigam ótimos patrocínios.

Segundo a Revista Placar, através do guia anual “Brasileirão 2014”, a Nike paga R$30 milhões anuais ao Corinthians. A mesma empresa paga ao Coritiba R$550 mil por ano. O banco estatal, Caixa Econômica Federal, paga ao Flamengo R$25 milhões anuais. Já para o Atlético Paranaense, segundo a revista, a Caixa paga R$5,4 milhões ao ano. A diferença é absurda.

É obvio que as equipes paulistas e cariocas possuem mais torcidas que os demais times de outros estados, principalmente Flamengo e Corinthians. Vale ressaltar, também, que tudo que é produzido pela grande mídia, em nível nacional, advém do Rio de Janeiro e de São Paulo. Sendo, portanto, referência para todo o país. Nos anos 60, o Canal 100, cinejornal semanal que veiculava diversas notícias para todo o Brasil, apresentava os melhores momentos de partidas de futebol de times da região Sul-Sudeste do país. Nos dias de hoje, a Globo transmite o Campeonato Carioca para todos os Estados da Região Norte, alguns do Nordeste e Distrito Federal. Não é à toa, que o Flamengo e Vasco possuem grandes contingentes de torcedores nestes estados. Vejam os números abaixo.

Fonte: Blog Teoria dos Jogos


Por motivos ideológicos e comerciais, fica clara a adesão da mídia por certos clubes, pela capacidade de retorno financeiro que estes possuem. Desta feita, estes times serão sempre notícia, terão sempre as melhores receitas e, se bem administrados, podem fazer, sempre, os melhores times. No entanto, esta prática antidemocrática de centralizar os holofotes em um único contexto, ou seja, o eixo Rio-São Paulo, fere com um dos princípios que norteiam o jornalismo: o dever de transmitir entendimento.

Quem não acompanha o futebol de Minas Gerais, tem certeza que a boa fase dos clubes das “Alterosas” se dá pela fase ruim em que os times do eixo se encontram. Atlético e Cruzeiro não tiveram sorte, mas sim, muita competência, dentro e fora das quatro linhas. O caráter mercadológico dos meios de comunicação afasta, cada vez mais, o fato da notícia.


Hoje, é fato: Minas Gerais é a capital do Futebol brasileiro. Parabéns ao Clube Atlético Mineiro e ao Cruzeiro Esporte Clube pelas conquistas deste ano. Para 2014 dá para fazer o seguinte prognostico: Galo e Raposa não farão a final da Taça Libertadores da América, porque clubes do mesmo país não podem fazer a final.

Fábio César Marcelino



20 de novembro de 2013

Salve, salve quilombo!

Como diria o saudoso Wilson Simonal, em seu tributo a Martin Luther King, importante líder do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, “meu irmão de minha cor. O que te peço é luta sim. Luta mais! Que a luta está no fim”.

E baseado nesse ideal de luta é que hoje, dia 20 de novembro, é lembrada a morte do líder da maior e mais duradoura resistência à escravidão no Brasil, Zumbi dos Palmares. Alguns costumam chamar de Dia da Consciência Negra.

Algumas pessoas também costumam se cumprimentar nessa data, festejar e até curtir um feriadão como no Rio de Janeiro e em São Paulo. Porém, poucos de fato têm essa chamada “consciência negra” ou mesmo sabem o que representa a data. Mas afinal, o que chamam de consciência negra?

O Movimento Negro Unificado no País, responsável pela criação da data comemorativa, acredita que essa data serve de reflexão para a luta contra o racismo em relação aos negros. E eu também acho. Muitos ironizam, acham que ocorre uma carnavalização dessa luta e até criticam o porquê de não haver também um dia para a consciência branca, indígena, ocidental, oriental, gay etc. Também concordo, mas isso não desmerece a causa.

O fato é que a luta pela consciência negra embora leve esse nome, transpassa a questão da cor. Vejo que é apenas um pretexto para gerar mais reflexão. Penso que não só no dia 20 de novembro, mas todos os dias, todos deveriam parar e pensar assim: será que tenho consciência da história do negro no país? Será mesmo que tenho consciência de que em um passado não muito distante, os negros eram escravizados? Será que tenho consciência que a grande mídia brasileira ignora a presença do negro em sua grade de programação? Será que tenho consciência sobre o uso estereotipado da imagem do negro pela mídia? Será?

Como hoje é um dia de reflexão. Deixo para vocês estes questionamentos. Registre aqui sua opinião sobre este post e vamos perdurar a luta em prol dessa consciência. Para finalizar, convido vocês a assistirem o vídeo abaixo.



Até breve,
Jussara Assis

8 de outubro de 2013

Devassidão

Peça gráfica utilizada na campanha
Com um slogan pra lá de polêmico, a Cerveja Devassa, de propriedade da Schincariol, lança a sua cerveja preta: a Devassa Tropical Dark. Com a frase “É pelo corpo que se conhece a verdadeira negra”, a cervejaria, com esta mensagem apelativa, busca mais um nicho de um mercado concorridíssimo. 

Sobre a campanha é possível se fazer inúmeras análises e se chegar a variadas conclusões, no entanto, abordaremos o tema em duas perspectivas: a mercadológica e a social.

Do ponto de vista mercadológico, a campanha publicitária da Cerveja Devassa Tropical Dark, não surpreende tanto, pois a estratégia da cervejaria é abordar a sexualidade imbricada a grandes polêmicas, na busca incessante de publicidade, independente da repercussão, seja ela positiva ou negativa. A empresa quer, de fato, é a mídia espontânea, de acordo com aquela velha máxima: “fale mal, mas fale de mim”, a empresa vai beber desta fonte inesgotável, que é a sexualidade, o quanto puder. A marca pertencente à Schincariol está há anos luz atrás das principais marcas nacionais, a Brahma e a Skol, que estão, segundo a Revista Exame, entre as 10 mais consumidas no mundo.

Do ponto de vista social, a empresa faz “o mais do mesmo” ao representar a figura da mulher negra erotizada. A figura da mulata, na cultura nacional, sempre esteve associada ao sexo. É histórico e cultural e, ao mesmo tempo, medonho e desprezível. O que a mídia faz, simplesmente, é delinear um perfil para esta mulher negra, que sofre alterações ao longo dos anos, e vender a preço acessível para a população. Este modelo ou estereótipo de mulher negra está nas novelas, nos comerciais, no esporte, na política, na cultura e, enfim, em todos os segmentos da sociedade brasileira.

Quando se lê o slogan da cervejaria, a princípio, para alguns, causa certa perplexidade. Mas este espanto logo passa, quando se depara, na rua, com uma negra das pernas grossas, nádegas fartas, cabelos ondulados e boca sensual. Poderia se dizer lábios carnudos, mas não, a negra de hoje, do comercial, possui traços de uma mulher da raça branca, porém com a pele negra. “A negra beiçuda” está fora de moda. Neste instante, quando a mulher deixa de ser sujeito e vira objeto, qualquer tipo de pudor se esvai, reforçando-se a máxima dita na campanha publicitária.

A mais prejudicada nesta história toda, é aquela mulher negra, que não se enquadra, e nem quer se enquadrar, neste perfil que nasce no imaginário das pessoas e é remodulado pela mídia. Na música de Jorge Ben Jor denominada “África Brasil – Zumbi”, o cantor cita na letra uma suposta princesa africana, de alguma tribo ou nação, que veio para o Brasil, como escrava e estava sendo leiloada junto com seus súditos, e segundo a canção, todos estavam “acorrentados em carros de boi”. Guardadas as devidas proporções, é nesta circunstância, que um número expressivo de mulheres negras se encontra neste país que se orgulha de ser diverso e plural, mas exclui e marginaliza elementos que compõe esta mesma diversidade.
           


Fábio César Marcelino

28 de agosto de 2013

Um novo olhar sobre todas as coisas

Happy hour com os amigos, show no final de semana, almoço em família ou uma simples conversa com velhos amigos. Em cada uma dessas atividades há um elemento comum. Você sabe qual é? Pensou em algo do tipo: amizade, companheirismo, alegria, descontração e muita, mas muita interação? Parabéns, você acertou. Porém há um detalhe: todas as situações descritas são intermediadas, ou melhor, são interferidas por smartphones, tablets, iPhones, iPads etc.

Durante um show, por exemplo, as pessoas deixaram de prestigiar a sensação do “ao vivo” e passaram a assistir à apresentação por meio das telas dos aparelhos. Mas engana-se quem pensa que é apenas durante o show que isso ocorre. O mundo hoje passou a ser experimentado e vivenciado através das telas. Veja que ironia, até este post!

Viver e ver o mundo pelas lentes da tecnologia não é ruim, pelo contrário, hoje é necessário. A problemática está no exagero da forma como esse corriqueiro hábito acontece. É impossível conversar com um amigo sem que ele, ou mesmo você, desgrudem os olhos das telas. Os alertas de atualizações e mensagens chegam a todo o momento e, consequentemente, a atenção passa a ser dividida com o aparelho. Assistir uma aula sem rolar a barra de atualizações do Facebook e postar comentários do tipo: “Tédio em Faculdade Tal” parece algo impossível. Mas não se assustem está tudo de acordo com os padrões da “normalidade” contemporânea. Por isso mesmo, O escritor Douglas Rushkoff denominou essa geração de 'screenagers'' (de ''screen'', tela e teenagers, adolescentes), ou seja, os jovens da época da tela. 

Por causa desse comportamento quase geral muitas campanhas publicitárias (Copo off-line; Larga o celular e curta o momento; Boteco. A verdadeira Rede Social) estão sendo planejadas para minimizar os impactos do uso descontrolado de smartphones, iPhones e similares. Como destaque está um pequeno vídeo, postado dia 22 de agosto, no Youtube, que relata como foi o dia de uma garota que esqueceu seu smartphone em casa. O vídeo já alcançou mais de 10.662.734 visualizações. Vale a pena conferir e pensar um pouco mais a respeito desse tipo de comportamento. Afinal, as tecnologias continuarão evoluindo para a nossa felicidade. Temos apenas que observar quem serve quem nessa brincadeira: será você a serviço da tecnologia ou o contrário?

Quem sabe não é o momento de também “esquecer” o smartphone em casa e retornar a ver o mundo pela lente de seus próprios olhos? 

#ficaadica




Até breve,
Jussara Assis

8 de agosto de 2013

MTV Brasil: um caso de concentração de mídia

A partir do mês de abril, a MTV Brasil migrará do sinal aberto para o fechado.  O canal de televisão é fruto de um acordo de licenciamento entre o Grupo Abril, importante empresa brasileira de telecomunicações e a Viacom, conglomerado americano de grande relevância para o mercado mundial do entretenimento.

A empresa brasileira tem licença para operar a MTV no Brasil até 2018, mas preferiu terminar a parceria, por estar passando por um processo de estruturação. A programação do canal para sinal fechado apresentará um novo formato, pois além da música, haverá outras atrações como filmes, seriados e reality shows etc. Tal mudança não será nenhum degredo para emissora, pois o mercado de TV a cabo no Brasil é bastante promissor.

Essas parcerias de empresas brasileiras com grupos supranacionais de telecomunicações são corriqueiras, e se intensificaram no governo de Fernando Henrique Cardoso, com a instauração da Lei do Cabo (Lei8977/1995) que, em suma, foi mais uma medida, dentre tantas outras de seu governo neoliberal, de privatizações e livre circulação de capital estrangeiro.

Tanto O Grupo Abril como a Viacom se estabelecem através de oligopólios, ou seja, o negócio de ambas as empresa são baseados na concentração de propriedade. O jornalista e sociólogo, Venício Lima, nomeou o processo como Integração horizontal, vertical e cruzada das indústrias das comunicações. Grosso modo, o processo seria a ação coordenada de várias empresas no mesmo grupo.

Em escala global, A Viacom possui marcas em diferentes mídias no setor de comunicação (jornais, revista, rádio, televisão etc). Segundo o site da empresa, são mais de 160 canais locais e mais de 500 propriedades de mídias digitais. O grupo, ainda, produz e comercializa seus produtos midiáticos. O grupo é detentor das marcas MTV, Nickelodeon, Paramount, EPIX, VH1 etc.

Já o grupo Abril, não tão abrangente, como a mega empresa americana, mas com um vasto poderio, mantém marcas, também, em diferentes mídias como: jornais, revistas, radiofusão e mídias digitais. Segundo o site da empresa, sete em cada dez revistas de maior circulação no Brasil, são do grupo.

O certo é que a concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucas empresas coloca em risco a liberdade de expressão, a democracia e a diversidade. Pois, informação é poder, e quem a possui, tem o “poder mágico” de enquadrar a realidade de acordo com sua ideologia.

O termino da parceria entre os conglomerados midiáticos não afetará quase em nada seus negócios, tendo em vista, que as empresas conhecem bem as peripécias do mercado. O Grupo Abril ainda não se pronunciou sobre o futuro de sua concessão de rádiofusão: se a mesma ficará vaga, ou se será ocupada por outro canal. O que se pode projetar, é que ambas as empresas vão ampliando seus impérios cada vez mais estruturados, ganhando quantias astronômicas e ditando regras e normas de conduta.

Confira o vídeo da primeira transmissão da MTV Brasil em solo brasileiro.


Fábio César Marcelino

11 de julho de 2013

Uma invasão, por favor, para acalmar os ânimos


O assunto da vez é o suposto ataque dos norte americanos a rede brasileira, afinal os grandes veículos midiáticos não falam em outra coisa. Parece que os assuntos sobre “manifestações, reforma política, PEC 37, corrupção e plebiscito” encontraram um potencial substituto. Ou melhor, jogaram um bom e velho balde de água fria na população inquieta e enfurecida que havia acordado há pouco. É a mídia, o 4° poder, se aliando mais uma vez às forças políticas para investigar, apurar e manter a população sempre bem informada. Mas afinal do que se trata essa “invasão”?

Trata-se de uma denúncia que supostamente o governo brasileiro tenha recebido no início deste mês. O relato diz informar que os nossos vizinhos norte-americanos estariam, por meio da Agência Nacional de Segurança Norte-Americana (NSA), investigando a vida de algumas pessoas e empresas no Brasil. Mas será mesmo? E o que isso pode ter de tão grave sendo que a prática de comercializar dados pessoais é tão comum no nosso país e no mundo?

Os milhões de usuários do Facebook, por exemplo, representam individualmente um valor comercial na rede. Quando você curte determinado tipo de coisa suas preferências vão sendo arquivadas para traçar seu perfil de consumidor e, em um belo dia ensolarado, anunciantes bombardearão sua conta do Facebook com supostos produtos e serviços de sua preferência.  Mas não é só no Facebook, as contas de e-mail também comercializam nossos dados: se você recebe emails de algum canal de esporte, por exemplo, observe que a aba de anunciantes mostrará algumas opções para satisfazer sua vontade enquanto consumidor. E não para por aí. Quem já se inscreveu em sites de compra coletiva ou em algum outro site de sua preferência para apenas receber a newsletter e aceitou o tal “TERMO DE USO” sem ler o que estava ali? Pois é ai que mora o perigo. Às vezes recebemos e-mails que não sabemos de onde surgiram, sempre oferecendo produtos, viagens, cursos etc, não é verdade? Então, esse é o retrato da comercialização de nossos dados pessoais entre esses canais, venda de mailing é uma prática comum. O que acha disso? Não seria também uma invasão?

Só não pode ser considerada invasão porque ingenuamente aceitamos o termo de uso daquela rede, site, página ou canal. Colocamos nossas informações em uma bandeja de prata e servimos com cordialidade os nossos possíveis vendedores. E enquanto tudo isso acontece naturalmente o governo brasileiro parece “muito assustado” com a denúncia da invasão dos EUA. Porém, não é somente nas redes que estamos sendo invadidos. Afinal, contar com os serviços públicos de saúde, transporte, educação e, ainda, ter que pagar altas taxas de impostos e juros, podemos também considerar que há uma grande e importante invasão aqui e que merece também ser apurada e investigada. Acorda Brasil ou dormirá eternamente em berço esplêndido.

Até breve,
Jussara Assis



19 de junho de 2013

Comportamento Geral



Sem dúvida nenhuma as manifestações que estão ocorrendo nas capitais e municípios brasileiros já entraram para história. O gasto exorbitante de recursos públicos na organização da Copa do Mundo e o descaso em outros setores fez eclodir focos de manifestações de grupos que a muito não se via.

A causa é legítima, pois esses mesmos recursos poderiam ser investidos em saúde, educação e outras tantas demandas sociais. Mas, vale ressaltar que esta causa maior vem sendo sustentada pelas tantas outras causas defendidas pelos mesmos grupos que possuem algum capital social e, desta feita, possuem relativa voz na sociedade brasileira.

O emaranhado de vozes dissonantes, antagônicas e fragmentárias dos variados grupos se une de vez e quando para fabricar heróis nacionais, dos quais temos uma remota lembrança, pois foram através de seus “atos de bravura” que temos alguns dias de folga, os ditos feriados.

Mas nesses eventos históricos que marcaram o Brasil sempre faltou um sujeito social de grande relevância para o país: o povo brasileiro. Este corpo de pessoas formadas por grande parte da população esteve sempre à margem, tecendo o rude trabalho para manter o padrão de vida dos nossos heróis nacionais. E, infelizmente, o povo nunca teve tempo para participar de movimento algum. Pois lá está ele; cabisbaixo e enfurecido, cansado da lida e esperando o ônibus lotado que não vem devido ao transito caótico, tendo em vista as manifestações. E, mais das vezes não entendendo nada do que se está se passando, desconhecendo os motivos das lutas sociais e acreditando em tudo o que vê pela TV. É histórico e cultural. Para o governo é necessário ter um povo assim: sem informação e contra as ditas manifestações sociais que a TV mostra.

Não se trata aqui de desqualificar o movimento, pois o mesmo é justo e legítimo. O que se questiona é um movimento visto como popular e que ao menos tem a participação deste. Lá estão os mesmos que participam desde a concepção do nosso amado e combalido Brasil: os estudantes, os partidos políticos, os extremistas, os intelectuais, os empresários etc. Isto é, aqueles que de algum modo não consomem o banquete de informação ofertado pela grande mídia e detém suas próprias narrativas.

No começo dos anos 70, o cantor e compositor Gonzaguinha compôs uma música belíssima que fora censurada pela o regime militar, e que só pode ser lançada na década seguinte, após a abertura. A música se chama “Comportamento Geral”. A letra da canção discorre sobre a apatia e alienação das pessoas frente ao regime totalitário da época. É uma letra bem atual e que envolve em uma profunda reflexão: pode parecer utopia, mas quem sabe um dia, todas as camadas da sociedade brasileira pudessem participar de uma ação onde ecoassem uma única voz reivindicando “ORDEM E PROGRESSO”.



Fábio César Marcelino

20 de maio de 2013

De cara nova

Olá pessoal, o blog Jfcm Comunicação completou 2 anos de existência e, para comemorar, resolvemos renovar os ares. Isto é, preparamos um novo layout para o nosso canal. Tem até nova logo!!! E é sobre ela que queremos contar como e por que ela foi desenvolvida. Vamos lá!

O Jfcm Comunicação não possuía uma identidade, algo que nos distinguisse entre os demais. Então pensamos: nossa, já temos 2 anos? Já aprendemos a trocar experiências, a caminhar conforme sugere a lógica e a oposição e, até já aprendemos a expressar o que somos, ou que queremos ser, o que pensamos e também o que deixamos de pensar.

Por tudo isso, desenvolvemos uma identidade. Algo que é nosso e, de certo modo, diz quem somos. A logo é mais que um simples nome ou símbolo. Ela é para nós a síntese de todos os elementos que desejamos alcançar. Buscamos uma identidade que reforçasse o que acreditamos e chegamos aos seguintes itens: diálogo, interação e comunicação. Parecem até sinônimos, não é? Mas na verdade, podemos dizer que o nosso objetivo está bem alinhado.

A nossa logo é composta pela escrita do nome Jfcm Comunicação, destacando as iniciais dos colaboradores do blog (Jussara e Fábio César Marcelino) e por dois balões, que representam o diálogo. Esses, estão voltados simetricamente um para o outro, representando a ideia de interação. Mas e onde está a comunicação? Ela permeia todo o processo de diálogo e interação. É, portanto, a base das nossas discussões, reflexões e crenças.

 Inserimos novas cores em seu layout com o objetivo de deixá-lo mais harmonioso e condizente com os nossos valores. A cor verde é predominante por entendermos que a mesma está associada ao crescimento e a renovação. Já o amarelo pressupõe criatividade, otimismo e alegria.

Assim sendo, temos como objetivo promover um diálogo sobre os diversos campos pertinentes à comunicação, trabalhando para o compartilhamento de significados e conhecimento. Sintam-se convidados a participar de uma troca de pensamentos e informações a cerca da comunicação.

 
Jfcm Comunicação

1 de abril de 2013

Tempos modernos



Hoje o tempo voa amor
Escorre pelas mãos
Mesmo sem se sentir

(Tempos Modernos, Lulu Santos.)

E é assim que o tempo está: voando pessoal. Acabamos de degustar três dias de feriado e nem parece. Afinal passou tão rápido, não é mesmo? Mas a verdade é que não é o tempo que está passando, somos nós que estamos passando por ele. Talvez não estejamos aproveitando adequadamente os momentos livres tanto quanto pensamos, pois de repente ele fatalmente se esgota.

O comércio da distração é farto e nos oferece uma imensa opção: entretenimento, informação, curtição etc. Podemos entender comércio da distração como a internet, por exemplo. A facilidade com que se pode mudar o foco de interesse, durante a navegação na rede, é tão célere quanto o nosso pensamento. Já parou para pensar? Ambos são ilimitados, imateriais e ágeis. Porém há uma singela diferença, a internet parece tornar o raciocínio de quem navega mais lento, incapaz de acompanhar as ilimitadas opções e informações que são bombardeadas na tela. O conteúdo fragmentado parece também fragmentar a atenção e o raciocínio do internauta e, assim, o tempo vai passando. E como dizia Lulu Santos, novamente, “não há tempo que volte”.

Observe quanto tempo se passa enquanto você rola a barra de notícias do Facebook, por exemplo. Ou então, quando você começa fazendo uma pesquisa no Google e dali, surpreendentemente, já está em um site de compras conferindo o lançamento da nova coleção, sem contudo, deixar de conversar com seus colegas no Skaype. Tanta superficialidade provocada pela web está disseminando o comércio da distração. As empresas estão apostando na fragmentação da notícia para deixar mais viva a forma de pensar na net.  A ordem é: apelo visual, menos textos e mais imagens.

Sendo assim, para não contrariar ainda mais o pensamento geral, vou encerrar por aqui. Mas antes, deixo um vídeo para refletimos o nosso lugar no mundo da distração.
  


Até breve,
Jussara Assis


11 de março de 2013

Sergio Sampaio, o maldito




Na manhã do dia 05 de maio de 1994, o cantor e compositor Sérgio Sampaio saia da vida para a eternidade transformando-se em mito da MPB pelo mesmo sistema que o condenou ao ostracismo. Quando vivo, o cantor não quis que sua obra fosse apenas mais um mero produto da Indústria Cultural, do qual fosse consumido e descartado. Sampaio foi rotulado de “maldito” pela mídia, pois suas músicas foram consideradas ácidas e, a tônica da obra do artista sempre foi o questionamento.

Se suas música tem gosto de fel são porque elas trazem o sabor do drama humano em uma linguagem mais elaborada e criativa. Desta feita, a sua música não se enquadrava como um produto da indústria cultural: gasto, redundante e esvaziado de sentido. Em sua música Cabra Cega, o artista fala sobre a uniformização da vida: “Pra você que mal enxerga/ Uma nave extraterrena vai ser sempre um avião/ Um satélite perdido, um delírio coletivo/ Um balão de São João.”

Em 1972, com a ajuda de Raul Seixas o compacto “Eu quero é botar meu bloco na rua” vendera mais de 500 mil cópias. Com uma letra que sintetizava a angustia de uma nação amordaçada pela ditadura militar, o rit era um grito angustiante de liberdade cantado e aclamado pelos brasileiros, tanto que foi o tema do carnaval de 1973.

Nascido na mesma terra do Rei Roberto Carlos, – Sampaio o homenageou com a belíssima canção Meu pobre blues – a Indústria Cultural com seu faro empreendedor profetizou o capixaba como um novo ícone da música. Assim, o sistema exigiu de Sergio Sampaio outros sucessos meteóricos.

Sampaio não seguiu as regras do jogo, segundo o mesmo, por opção. Em uma relação intricada com a mídia e a indústria fonográfica somada uma vida de abusos de álcool e droga mergulhou no ostracismo, sendo conhecido, portanto, como “o cantor de uma música só”, o que é uma tremenda injustiça.

Sem gravadora e sem espaço na mídia ele se tornou um artista independente, vivendo apenas de shows eventuais para pequenas plateias, porem fieis a sua obra. Sua música tornou-se alternativa e, sem dúvida nenhuma, Sampaio foi um dos primeiros artistas da "Contracultura".

Sergio Sampaio permaneceu no obscurantismo por toda a década de 1980, e quando tentou retomar a sua carreira em meados da década de 1990, foi vitimado por uma doença no pâncreas em decorrência do vício do álcool.

Assim como vários personagens, com a sua morte, Sergio Sampaio foi incorporado ao mesmo sistema industrial que antes o repeliu. Regravações de suas músicas por outros artistas, tributos e até um livro foram lançados pelo o sistema.  Esta prática rende muito dinheiro para a Indústria, pois a relação com o mito é muito mais harmoniosa do que com o homem.

Apesar de tudo, a música de Sergio Sampaio expressa a sua capacidade intelectual e criativa tornando-se atemporal, cumprido seu papel como um agente da cultura nacional.

Fábio César Marcelino



18 de fevereiro de 2013

Todo carnaval tem seu fim




Como dizia Marcelo Camelo “todo carnaval tem seu fim. É o fim, é o fim”. Enfim é o fim da folia. Enfim é 2013. Enfim o ano começa para os atrasados...

Já se passaram quase dois meses deste novo ano e para alguns o ano só começa a partir de agora. Em janeiro, mais de 200 jovens perderam a vida em um incêndio, ocorrido em uma boate em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Logo após o triste episódio o choro foi sufocado pelos pandeiros, alegorias e pelas fantasias do que se chamam carnaval.

Então, em fevereiro, a festa “popular brasileira” ofuscou o sentimento e a dor de muitos, em prol da tão esperada folia. Mas há quem acredita que as dores da perda pode ser suprida por uma pseudo alegria demonstrada em dias de carnaval. Durante o feriado, no entanto, alguns também acabam perdendo o direito de “cair na folia” por mais alguns anos, pois acidentes de trânsito, overdoses, embriaguez e, ainda, contagio de doenças sexualmente transmissíveis acabam com a alegria destes foliões, que literalmente, entraram para o “Bloco da Saudade”.

Para os católicos, a festa de carnaval veio acompanhada de uma notícia que vem sendo pautada por toda a impressa mundial: a renúncia do Papa, representante de Deus na Terra, para os católicos. E nem bem havia passado a ressaca de carnaval, o mundo inteiro parou para observar a queda de um meteoro na Rússia, que deixou mais de mil feridos e milhares de vidraças quebradas. É a força da natureza mostrando a pequenez dos homens.

Em quase dois meses de 2013, já aconteceram algumas coisas e, ainda, há quem diga que o ano só começa agora. Será?

Até breve,
Jussara Assis

21 de janeiro de 2013

Futebol: torcer ou não torcer, eis a questão?



Na última quinta-feira, 10 de janeiro de 2013, o Betim Esporte Clube foi apresentado oficialmente. A nova equipe mineira sediada em Betim é aquela mesma equipe de Ipatinga que encantou o Brasil de 2005 á 2007, tendo como resultado mais expressivo, o título de campão mineiro de 2005, batendo o Cruzeiro em pleno Mineirão.

A prática de mudar de cidade, em Minas Gerais, começou com o Ituiutaba Esporte Clube de Ituiutaba. Da mudança para Varginha, o clube se tornou Boa Esporte. O Nacional antes de Nova Serrana, hoje é de Patos de Minas. O Esporte Clube Itaúna, da cidade homônima cogita, também, uma mudança de ares.  As três equipes acima são ou foram tradicionais em suas cidades de origens. Começaram amadoras se organizando como associações ou sociedades civis sem fins lucrativos. Hoje são clubes empresas que tiveram que profissionalizar as suas administrações e buscar investidores para viabilizarem financeiramente suas equipes.

E, por falta de apoio e recursos financeiros estas equipes justificam a saída de suas cidades. Vale ressaltar, que estes clubes alimentam em seus torcedores, enorme sentimento de comunidade. Quando clubes profissionais, estes possuem o que toda empresa supranacional ambiciona: fidelização total e incondicional de seus torcedores. Quando clubes empresa, os mesmos ganham em mobilidade e oportunidade, pois podem ir para onde o capital está, sem amarras, mas perdem suas identidades e o apaixonado torcedor/consumidor.

Ao mudar de cidade, o Time de Itair Machado, hoje sediado em Betim, possivelmente, seu público-alvo deixa de ser o torcedor e passa a ser os empresários e a mídia, ou seja, visibilidade massiva para a marca que está associada aos investidores. O símbolo do Betim é quase o mesmo do Ex-Ipatinga, salvo a inserção de uma engrenagem ao símbolo, que representa o poder da indústria da cidade de Betim.


Betim Esporte Clube

 No campeonato mineiro deste ano vamos ter o “Time do Rildo Moraes” versus o “Time do Amarildo Ribeiro” ou Boa Esporte versus Nacional. Termino este texto mandando um salve para os torcedores do Uberlândia, Uberaba, Vila Nova de Nova Lima, Tupi de Juiz de Fora, Caldense de Poços de Caldas, Democrata de Valadares e de Sete Lagoas, Valério de Itabira, Mamoré e URT de Patos de Minas, Araxá e o Fabril de Lavras.

Fábio César Marcelino