O pai do homem é o menino, mas afinal, o que quer dizer esta metáfora? Para os estudiosos no assunto, a criança constitui a sua
individualidade e percepção de vida na idade tenra, entre os 5 e 8 anos. Os
significados partilhados com as crianças servirão de alicerce para a sua
construção de caráter. É neste momento que veremos os traços do futuro adulto.
Sendo assim, “O pai do homem é o menino”.
Nesta
perspectiva, fiz um conto em co-autoria com minha irmã de 7 anos, Gabrielle
Vitória. Através desta parceria, ela ia me falando o que ela pensa do mundo,
tendo como pano de fundo uma historia que, substancialmente, é a sua percepção
de mundo. A minha missão foi a de adequar a mensagem ao receptor adulto, ávido
por voltar à idade de criança. Confiram o conto:
A Pitomba
A Pitomba é uma garotinha que tem sete
anos, mas pelo fato da sua pouca estatura, as meninas dizem pra ela que sua
idade não passa dos cinco anos. A Pitomba não gosta muito, daí pra ela acalmar,
saboreia então, um picolé e depois começa a fazer um monte de desenhos: ela
desenha o Fábio e a sua namorada Jussara e até a flor posta no emaranhado do
cabelo da Jussara; ela adora desenhar também a sua prima Rayssa chorando.
Os desenhos da Pitomba colorem de
alegria a sua casa, é como se ela decifrasse a alma das pessoas com seu
desenho.
A Pitomba pediu para a sua mãe uma
boneca, mas no momento a sua mãe não pode comprar a boneca por está sem
dinheiro. Seu pai, o Atílo, trouxe de sua viagem um presente para a Pitomba:
uma boneca namoradeira feita de barro, cujo nome é Nega Preta. A Pitomba achou
que a boneca era de verdade; ficou muito assustada, mas também, muito
agradecida.
Na hora de dormir, a Pitomba e sua
prima Rayssa ficam com medo da Nega Preta sorrir para elas. A Nega Preta
ocupa o imaginário das primas que a observam com certo respeito; é como se a
boneca chamasse a atenção das duas. De seus grossos lábios vermelhos, a crioula
professa algum xingamento que só as duas meninas entendem.
A Pitomba e sua prima Rayssa foram
dormir com a Cristiane. Segundo o Fábio, o irmão da Pitomba, a Cristiane é
velha e nasceu ontem. A Pitomba e a Rayssa não gostam que o Fábio fale deste
jeito á respeito da Cristiane. As meninas consideram a Cristiane como a segunda
mãe delas.
A Cristiane é a irmã mais velha da
Pitomba. É sem dúvida nenhuma a sua grande referência e, o Fábio sabendo disto,
reforça o tempo todo que a Cristiane cumpre bem o seu papel, contudo, alguns
significados têm que ser compartilhados ao seu tempo. Nas escrituras sagradas Salomão sentencia
“Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do
céu.” Ec 3:1.
A Cristiane é velha por ser
experiente e, nasceu ontem por suas atitudes serem pueris, pois como todo
mundo, ela ainda está no processo de aprendizagem da vida.
Em um dia ensolarado, a Pitomba e a
sua prima Rayssa pediram a Cristiane uma piscina para nadarem no quintal. Elas
nadaram o dia inteiro. Naquele instante a piscina transformou-se em um imenso
oceano. Sereias, tubarões, barcos, navios, piratas e ilhas inóspitas iam
tomando seus lugares no pequeno quintal. As duas resgataram a cachorra Pretinha
lá do céu para brincar com elas.
Quando chegou a noite trazendo
consigo a Lua, a Adalgisa, mãe da Pitomba, gritou lá do fundo da casa:
- Vitória, vem tomar seu banho e,
fala pra Cristiane dar banho na Rayssa – Vitoria era o sobrenome da Pitomba que
se chama Gabrielle Vitória. A Pitomba relutou bastante, mas acabou indo. A
intrometida da Rafaela foi debochar da cara da Pitomba. A Pretinha, antes de
voltar para o céu, deu uma mordida na Rafaela a pedido da Pitomba que fora
tomar seu banho triunfante.
Em seguida escutou-se um barulho do
lado de fora da casa de Pitomba; era o Hélcio chegando com sua motoca para
levar a Rayssa pra casa da Leandra, sua mãe.
A consternação era grande por parte
de todos. Até mesmo a Nega Preta ficara receosa com a partida da Rayssa. A
menina montou na garupa do Hélcio e foi pra casa de sua mãe para voltar daqui a
quinze dias. Desta feita, a Pitomba fica a espera da Rayssa, desenhando a todos
de sua casa.
Fábio César Marcelino
Gabrielle Vitória Rosa