17 de dezembro de 2011

Grande Família: comicidade e cotidiano


A Grande Família é uma Sitcom adaptada da década de 1970 veiculada pela Rede Globo entre os anos de 1972 a 1975, e que está no ar desde 2001, repetindo o grande sucesso. A primeira versão da Grande Família foi produzida depois de 10 anos de fundação da Rede Globo, ou seja, quando a emissora era uma criança e aprontava as suas primeiras peraltices.

As Sitcoms são um subgênero televisivo dentro da categoria entretenimento. São histórias curtas centradas na vida e nas atividades de uma determinada família ou grupo, ou seja, da sociedade. Mesmo propondo o descompromisso com a realidade, as Sitcoms estão longe de ser um mero programa humorístico, pois como todo produto midiático está recheado de informações ideológicas.

A peraltice da Rede Globo aconteceu no ano de 1962, quando passou a receber capital estrangeiro para sua estruturação através de uma parceria com a empresa Time Life, lembrando que esta prática era proibida pelo regime ditatorial, que reinava no Brasil. Mas os militares abriram uma exceção para  Globo que, em troca veiculava a propaganda política militar em suas produções midiáticas; e a Grande Família da década de 1970, não foi diferente. O autor da época abordava temáticas, a fim de desvelar os impasses vivenciados pela classe média e propunha a politização do cotidiano.

Roberto Marinho, fundador da Rede Globo deu a seguinte declaração no Jornal da Globo, edição de 07 de outubro de 1984:

“Participamos da Revolução de 1964, identificados com os anseios nacionais de preservação das instituições democráticas, ameaçadas pela radicalização ideológica, greves, desordem social e corrupção generalizada. Quando a nossa redação foi invadida por tropas anti-revolucionárias, mantivemo-nos firmes em nossa posição. Prosseguimos apoiando o movimento vitorioso desde os primeiros momentos de correção de rumos até o atual processo de abertura, que se deverá consolidar com a posse do novo presidente.”
Roberto Marinho

A Rede Globo é hoje uma das maiores empresas da indústria cultural do mundo propondo entretenimento e informação, contudo, não esqueçamos que este império se mantém erguido sobre os mesmos pilares que um dia se constituiu o regime totalitário no Brasil.

Confira os vídeos abaixo.

Fábio César Marcelino




4 de dezembro de 2011

E você, também se parece com o Homer Simpson?


Discurso, segundo o Dicionário Aurélio, significa “exposição metódica sobre certo assunto”. Para a comunicação, o discurso vai além de um simples objeto de exposição, ele se constitui um espaço de trocas de informação entre narrador e receptor e se dá por meio do processo: Fonte – Canal (Meio) – Receptor. Mas, disso você já está cansado de saber, não é verdade?

Mas o que talvez ainda não esteja claro para você e milhões de brasileiros é que o discurso midiático pode ser representado por duas instâncias: a de produção e a de recepção, ou seja, é construído com base nos critérios de relevância social. O narrador/ jornalista seleciona os acontecimentos fazendo um “recorte do espaço público” a fim de evidenciar o que melhor se adapta às expectativas do receptor. Isto nos leva a perceber que o canal, meio por onde é transmitida a informação, fica sujeito a interferências da mídia.

O Jornal Nacional (JN), por exemplo, possui William Bonner como editor-chefe. Em uma entrevista para a revista Carta Capital, em dezembro de 2005, Bonner afirmou que ao construir a notícia ele comparava o espectador com Homer Simpson – figura preguiçosa, que passa horas sentado ao sofá bebendo cerveja e saboreando rosquinhas enquanto assiste TV sem, contudo, fazer questionamentos sobre o que se vê. Essa política está presente até hoje, o jornalista constrói as versões dos fatos que melhor achar conveniente, mas é claro que as notícias passam pelo crivo: “Essa até o Homer entenderia! Ah, essa não! Essa sim!...”

O exemplo de Bonner no JN é a representação fiel do que as mídias fazem de melhor: filtram os fator como forma de exercer o domínio. Ao relatar o discurso, as mídias não transmitem a realidade social e sim constroem um discurso voltado para a representação do fato real. Desse modo, o que vemos é uma tentativa sustentar os interesses ideológicos de determinados grupos, ignorando a capacidade de raciocínio do público receptor.

Não se deixem enganar, “o essencial é invisível aos olhos...”

Jussara Assis

20 de novembro de 2011

A mídia vista como espaço público

No último dia 27 de outubro uma bomba atirada de Curitiba atingiu em cheio os amantes da música sertaneja: a dissolução da dupla Zezé de Camargo & Luciano após uma discussão entre ambos, colocando fim a mais de 20 anos de caminhada pelos palcos do nosso Brasil. Antes de chegar ao seu destino final – rede globo – permeou pelas mídias sociais, causando opiniões variadas.

Na contemporaneidade a internet assume o lugar do espaço público destinado há séculos atrás pelos gregos, como um lugar comum, onde se debatiam os assuntos relacionados a “Polis”.

Vídeos no youtube, posts em blogs, opiniões no faceboock e orkut repercutiram o assunto até gastá-lo, pois quase 1 mês depois, o assunto está morto e enterrado.

Estas discussões supostamente ditas de “ordem pública” são tão fugazes quanto um piscar de olhos, mas estas preocupações são produtos de uma sociedade que reproduz para a vida cotidiana o mesmo espetáculo consumido nas produções midiáticas.

Clamamos para nossas vidas o mesmo desfecho feliz que a dupla anunciou nos variados programas da TV Globo: que tudo não passou de mal entendido, e que pelo bem geral nação, o Luciano não deixaria nunca o Zezé.

Vejam o vídeo da entrevista da dupla no programa do Jô. 



Fábio César Marcelino

2 de novembro de 2011

Mal-estar social


No início do segundo semestre de 2011, a população brasileira se comoveu com anúncio do ator global Reynaldo Gianecchini, ao dizer ter sido diagnisticado com câncer linfático. Já no último sábado, dia 29 de outubro, o ex-presidente da república Luís Inácio Lula da Silva, também se pronunciou informando que está com um câncer maligno localizado na laringe.

Agora vamos aos fatos!

Lula e Giannecchine: dois personagens públicos brasileiros. O câncer: doença caracterizada “pelo crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgão". O câncer é sem dúvida uma das doenças mais temidas pelas pessoas e quando associada a figura de um jovem, belo e promissor ator global ou então, a figura patriarca de um ex-representante político, o que se apresenta é uma anomia geral. Milhares de pessoas esquecem seus sofrimentos e o projetam na figura desses semi-deus idealizados pela mídia. O discurso totalmente dramatizado se constrói... e, então, o sofrimento de milhares de anônimos, como crianças, jovens, adultos e idosos, portadores do mesmo tipo de doença se esconde... ficando quase que imperceptível.

A discussão desse texto não tem como intuito julgar qual situação é a mais dolorosa ou algo do gênero. Apenas diante da espetacularização do drama humano, evidenciado pelos veículos de comunicação ao noticiarem a doença desses personagens, foi que senti a necessidade de lembrá-los que outras figuras - não tão famosas quanto estas, estão nos hospitais ou em casa aguardando o apoio da população brasileira.

Abaixo, destaco a campanha do Instituto Mário Pena – “Doe palavras” como um gesto de solidariedade aos anônimos que esperam por nós. Não deixem de conferir e colaborar!


Até a próxima postagem,

Jussara Assis



23 de outubro de 2011

Transmissão dos Jogos Pan - Americanos 2011



Os Jogos Pan – Americanos 2011, segundo maior evento esportivo do ano no continente americano que, estão sendo realizados na cidade mexicana de Guadalajara, entre os dias 14 e 30 de outubro, estão sendo transmitidos com exclusividade pela Rede Record em TV aberta e fechada para todo o Brasil. Será que todos os brasileiros sabem disto?

Estamos acostumados com as transmissões da Rede Globo de quase todos os eventos esportivos, sejam eles nacionais ou internacionais. Assim, quando a referida emissora não veicula na sua programação algum evento ou acontecimento, passa despercebido por todos nós.

Existem critérios que as organizações produtivas de notícia elegem para a fabricação delas. Estes critérios são denominados newsmarking ou valores/notícias; eles explicam e guiam procedimentos editoriais das redações: sugerem o que deve ser omitido, realçado, prioritário na preparação das notícias para apresentação ao público.

Neste sentido, a Globo omite tais fatos, noticiando apenas algumas notas a respeito do Pan – Americano. No site da Rede Globo, a empresa disponibiliza em tempo real o quadro de medalhas, noticias e fotos do Pan – Americano 2011. Segundo a Rede Record, detentora dos direitos de exibição do evento, a Rede Globo não cumpriu com acordo pré- estabelecido para a veiculação das imagens, apimentando mais a relação conturbada das empresas na briga por audiência.

Fábio Cesar Marcelino






15 de outubro de 2011

Imaginação: construtora de imagens


Segundo o dicionário Aurélio, imagem significa uma “representação mental de um objeto, impressão, lembrança.” Nesse contexto, as empresas utilizam de mecanismos para serem as representações mentais referida, quando se falar no serviço ou produto semelhante ao oferecido por ela.

A construção da imagem organizacional pode acontecer, segundo Tereza Holliday, por meio de um “produto imaginário”, isto é a imagem empresarial é constituída pela soma das percepções e experiências que cada indivíduo, particularmente, possui da organização. Por exemplo, quando pensamos em geladeira ou máquina de lavar certamente o produto da imaginação se materializará em uma Brastemp.

Para conseguir se fixar na imaginação do público interlocutor, as organizações possuem o papel de fornecer subsídios para solidificar ou alterar as percepções e lembranças. Por meio de um discurso institucionalizado ressaltando suas ações e supostas qualidades, ela então, constrói o produto imaginário . Este resultado ainda resulta na chamada reputação da empresa, que está intimamente ligado ao modo como elas se mostram, ou se deixam mostrar. Cabem a nós, receptores do discurso, decidir se acreditamos ou não no emissor.

Assim, para exemplificar essa prática de construção da imagem auxiliada pelo discurso institucionalizado ou publicitário, assistam aos vídeos abaixo e exponham suas impressões.

Até breve,

Jussara Assis


25 de setembro de 2011

O Pai do homem é o menino



O pai do homem é o menino, mas afinal, o que quer dizer esta metáfora? Para os estudiosos no assunto, a criança constitui a sua individualidade e percepção de vida na idade tenra, entre os 5 e 8 anos. Os significados partilhados com as crianças servirão de alicerce para a sua construção de caráter. É neste momento que veremos os traços do futuro adulto. Sendo assim, “O pai do homem é o menino”.

Nesta perspectiva, fiz um conto em co-autoria com minha irmã de 7 anos, Gabrielle Vitória. Através desta parceria, ela ia me falando o que ela pensa do mundo, tendo como pano de fundo uma historia que, substancialmente, é a sua percepção de mundo. A minha missão foi a de adequar a mensagem ao receptor adulto, ávido por voltar à idade de criança. Confiram o conto:


A Pitomba

A Pitomba é uma garotinha que tem sete anos, mas pelo fato da sua pouca estatura, as meninas dizem pra ela que sua idade não passa dos cinco anos. A Pitomba não gosta muito, daí pra ela acalmar, saboreia então, um picolé e depois começa a fazer um monte de desenhos: ela desenha o Fábio e a sua namorada Jussara e até a flor posta no emaranhado do cabelo da Jussara; ela adora desenhar também a sua prima Rayssa chorando.

Os desenhos da Pitomba colorem de alegria a sua casa, é como se ela decifrasse a alma das pessoas com seu desenho.

A Pitomba pediu para a sua mãe uma boneca, mas no momento a sua mãe não pode comprar a boneca por está sem dinheiro. Seu pai, o Atílo, trouxe de sua viagem um presente para a Pitomba: uma boneca namoradeira feita de barro, cujo nome é Nega Preta. A Pitomba achou que a boneca era de verdade; ficou muito assustada, mas também, muito agradecida.

Na hora de dormir, a Pitomba e sua prima Rayssa ficam com medo da Nega Preta sorrir para elas. A Nega Preta ocupa o imaginário das primas que a observam com certo respeito; é como se a boneca chamasse a atenção das duas. De seus grossos lábios vermelhos, a crioula professa algum xingamento que só as duas meninas entendem.

A Pitomba e sua prima Rayssa foram dormir com a Cristiane. Segundo o Fábio, o irmão da Pitomba, a Cristiane é velha e nasceu ontem. A Pitomba e a Rayssa não gostam que o Fábio fale deste jeito á respeito da Cristiane. As meninas consideram a Cristiane como a segunda mãe delas.

A Cristiane é a irmã mais velha da Pitomba. É sem dúvida nenhuma a sua grande referência e, o Fábio sabendo disto, reforça o tempo todo que a Cristiane cumpre bem o seu papel, contudo, alguns significados têm que ser compartilhados ao seu tempo.  Nas escrituras sagradas Salomão sentencia “Tudo tem seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.” Ec 3:1.

A Cristiane é velha por ser experiente e, nasceu ontem por suas atitudes serem pueris, pois como todo mundo, ela ainda está no processo de aprendizagem da vida.

Em um dia ensolarado, a Pitomba e a sua prima Rayssa pediram a Cristiane uma piscina para nadarem no quintal. Elas nadaram o dia inteiro. Naquele instante a piscina transformou-se em um imenso oceano. Sereias, tubarões, barcos, navios, piratas e ilhas inóspitas iam tomando seus lugares no pequeno quintal. As duas resgataram a cachorra Pretinha lá do céu para brincar com elas.

Quando chegou a noite trazendo consigo a Lua, a Adalgisa, mãe da Pitomba, gritou lá do fundo da casa:

- Vitória, vem tomar seu banho e, fala pra Cristiane dar banho na Rayssa – Vitoria era o sobrenome da Pitomba que se chama Gabrielle Vitória. A Pitomba relutou bastante, mas acabou indo. A intrometida da Rafaela foi debochar da cara da Pitomba. A Pretinha, antes de voltar para o céu, deu uma mordida na Rafaela a pedido da Pitomba que fora tomar seu banho triunfante.

Em seguida escutou-se um barulho do lado de fora da casa de Pitomba; era o Hélcio chegando com sua motoca para levar a Rayssa pra casa da Leandra, sua mãe.

A consternação era grande por parte de todos. Até mesmo a Nega Preta ficara receosa com a partida da Rayssa. A menina montou na garupa do Hélcio e foi pra casa de sua mãe para voltar daqui a quinze dias. Desta feita, a Pitomba fica a espera da Rayssa, desenhando a todos de sua casa.  

Fábio César Marcelino

Gabrielle Vitória Rosa              

28 de agosto de 2011

Mercado Digital, um novo cenário

O vídeo abaixo, Marketing Digital: mais negócios e satisfação, menos custos e esforços - aborda as novas características do mercado consumidor com a influência do atual processo de comunicação disseminado pela internet.

O Brasil, segundo o vídeo, é considerado o país, na América Latina, que possui o maior público online. O processo de comunicação vem passando por mudanças à medida que a rede de amigos se amplia, consideravelmente, dentro do ambiente virtual permitindo que o diálogo ocorra de um para muitos simultaneamente. Com isso, mais brasileiros passam horas e horas do seu dia, conectados via internet.

O fluxo de consumidores está migrando para o ambiente virtual, o mercado passou a interagir com esses novos públicos através desse espaço. Práticas de e-commerce, compras em grupos e etc, são alguns dos serviços oferecidos para atender a nova demanda.

Não são somente as formas de compra que sofreram mudanças, mas também, os serviços de promoção e publicidade. O mercado publicitário para conseguir dialogar de maneira afetiva com seu público de interesse passou a oferecer, através das redes sociais, publicidade segmentada tendo que adequar sua estratégia aos interesses de cada grupo particularmente.

Assim sendo, o vídeo em questão exibe as características dos novos consumidores brasileiros que agora, além de consumirem, também produzem e compartilham informações com milhares de amigos em um simples clique.

Assista e exponha suas impressões.



Até breve,

Jussara Assis


7 de agosto de 2011

Alimento da Alma





Alguns dias atrás tive a oportunidade singular de assistir a uma palestra da Brahma Kumaris ministrada por Marilene Mayrink intitulada "Benefícios do pensamento positivo na mente, no corpo e no relacionamento". Este evento faz parte do circulo de palestras do calendário Sócio cultural da Cidade Administrativa de Minas Gerais; sou estagiário do comitê que organiza os eventos da Cidade Administrativa e, uma das funções é dar suporte aos palestrantes. Vale ressaltar que um evento é um instrumento de comunicação dirigida, destinada a um público selecionado.

Brahma Kumaris  é uma organização internacional sem fins lucrativos que visa a revalorização do ser humano para que este possa construir um mundo melhor, fortalecendo seus valores inatos, encorajando e facilitando um processo espiritual de despertar para um mundo pacífico e harmonioso.

Para falar do despertar espiritual de cada ser humano, Marilene Mayrink ao longo da palestra descorreu a respeito do alimento mental: segundo a mesma, nossa mente é o prato, os pensamentos são nossos alimentos e nosso intelecto é o consumidor destes alimentos, que, conseqüentemente, influenciam nossas ações. Cabe a mente de cada um consumir o que é mais palatável para si. É a qualidade destes alimentos que fará despertar ou não bons sentimentos humanitários.

Mas o que a nossa mente anda consumindo por aí não é nada bom. Os significados que a mídia partilha e reforça nas suas programações sensacionalistas é que nós somos seres violentos e sem recuperação. Destinam horas a fio produzindo informações com os seus telejornais, filmes, novelas, séries e etc, que nos conduzem a aflição e medo.

Aflição e medo. É este cardápio que a mídia nos oferece diariamente, desta feita, nossas ações serão sempre permeadas de violência e intolerância para com o nosso semelhante. Não que a mídia tenha inventado a violência, mas ela a propaga. Como é uma instituição com fins lucrativos, a mídia vê a violência como uma oportunidade de ganho financeiro. Sendo uma indústria, a mídia explora uma tendência: nossa insegurança. E ela nos vende a preço premium. Jubilosos, comemoramos a morte de ditadores nos telejornais ou a destruição dos vilões nos filmes, sempre tendo como referencia a ótica dos “vitoriosos e bons”.

Somos o que consumimos, seja ele o alimento físico, mental ou espiritual. Esta expressão aparentemente gasta, não devia ressoar somente nas religiões ou nos eventos internos das instituições; deveria estar nos horários nobres das programações sem associação alguma com os produtos midiáticos.

O texto e o vídeo ofereço a todos da Brahma Kumaris, mas em especial a Marilene Mayrink pela sua determinação e fé.



Fábio César Marcelino





23 de julho de 2011

Entretenimento Brasileiro



No ano em que se comemora 60 anos de telenovelas no Brasil, a Rede Globo, emissora líder de audiência no segmento, estendeu seu prime time (horário nobre) para ‘presentear’ seus espectadores com o lançamento da novela “O Astro”, obra de Janete Clair, no dia 12 de Julho, exibida às 23 horas.

Há 60 anos que a população brasileira acompanha o espetáculo da vida humana retratada pelo viés do entretenimento midiático. Há 60 anos que milhares de pessoas destinam, em média, 01 hora e 15 minutos do seu dia para assistir novelas. Hoje com o lançamento da novela “O Astro”, a Rede Globo, por exemplo, passa a exibir seis novelas ao longo de sua programação diária. Inicia-se com a reprise de algum sucesso no programa ‘Vale a Pena Ver de Novo’ e segue com a exibição de ‘Malhação’, novela das seis, das sete, das oito e agora também, das onze horas. Como podemos perceber, milhares de telespectadores destinam aproximadamente 6 horas do dia para seguir os capítulos das novelas.

O fato é que o entretenimento, gerado pelas novelas, age como um fabuloso hipnotizador que se apropria de mentes alienadas para garantir o pão de cada dia das emissoras. Cultura e informação de qualidade estão escondidas em meio a tanta espetacularização do reality show humano. Por ser um instrumento tão persuasivo, até mesmo outros gêneros estão incorporando o caráter novelístico ao seu formato. Os telejornais, por exemplo, utilizam desse recurso para noticiar fatos marcantes; simples notícias se transformam em “Caso Nardoni”, “Caso Bruno” etc. A notícia passa a se tornar uma narrativa, onde o fato é exposto durante vários dias em forma de capítulos.

Mas afinal, o que é que faz das novelas algo tão desejado por milhões de pessoas, há 60 anos no Brasil? Seriam a importância em se debater temas polêmicos da atualidade? Seria pelo fato de todos após uma longa jornada de trabalho, julgar merecido se entreter com os programas da TV? É difícil crer que sejam esses os motivos. É mais fácil acreditar que o interesse pelas novelas se deve ao interesse pela vida do outro, pelo particular. Isto, pois os meios de comunicação utilizando do potencial de ditar comportamentos e tendências estimulam o hábito de se ocupar com a vida alheia.

Os padrões de conduta são impostos pelo que as novelas exibem, e assim, as pessoas estão entregando sua autonomia às emissoras de TV, o que as tornam cada vez mais incapazes de pensar diante dos fatos. Não há interpretação e sim, uma fiel imitação. Falta reflexão diante da tela. A moral e o senso crítico estão fora dos padrões estipulados pelos canais de comunicação, frente a realidade da TV brasileira.

Jussara Assis

10 de julho de 2011

Imprensa: Produtora de Significado


A mídia produz e partilha significado, logo, ela contribui para a variável percepção de mundo de todos os indivíduos, participando da vida social e cultural de cada um. A mídia assume papel decisivo na sociedade contemporânea como formadora de opinião. Vale acrescentar um fato relevante: a imprensa nunca será imparcial, pois esta, se valendo como uma instituição social tem em sua organização um conjunto de regras e valores, assumindo então, um ponto de vista.

Nesta perspectiva, toda notícia produzida e veiculada pela mídia é simplesmente a sua interpretação dos fatos, que segundo o geógrafo Milton Santos, é uma interpretação mergulhada na sua visão, nos seus preconceitos e nos seus interesses – que na sua grande maioria são comerciais.

Com a capacidade de modificar o comportamento do receptor, as mensagens produzidas pela mídia são de baixo repertório: redundantes, imediatistas e de fácil circulação, elas reforçam ainda mais a condição de inércia e alienação na qual, nós os receptores estamos fadados.

A cultura de uma nação, entendida como um fenômeno ativo e vivo, através do qual as pessoas criam e recriam mundos em que vivem, sofrem influência determinante da mídia, pois esta estabelece modos de pensar, agir e principalmente de consumir.

A mídia se intensifica como referência para a vida diária; a produção e a manutenção do senso comum tendem a depender somente da mídia, sabendo do imenso poder que ela tem nas mãos, ela desenvolve através da produção e partilha de significados, um sem número de necessidades que são resolvidas com um sem números de produtos veiculados e comercializados por ela.

Em um documentário do cineasta brasileiro Silvio Tendler, que mostra uma entrevista com o geógrafo Milton Santos, cujo título é “O mundo global visto do lado de cá”, discorre sobre os problemas da globalização na ótica do terceiro mundo. No trecho final da obra, Milton Santos profetiza o seguinte: “... estamos fazendo os ensaios do que será a humanidade.”

Segundo o dicionário Aurélio, humanidade se refere aos seres humanos, ao povo; clemência; compaixão. A mídia pode contribuir de maneira considerável para construção desta “humanidade” baseada na solidariedade entre indivíduos e povos.

As ações de utilidade pública – todas elas paliativas – que a mídia realiza, só são feitas unicamente, para reforçar sua imagem perante a opinião pública; mostrar para todos que é uma instituição socialmente responsável.

Uma das maiores ações que a mídia poderá fazer para esta “humanidade” seria contribuir para que todas as pessoas pudessem pensar e refletir, não em busca de um desejo de consumo, mas em busca de um senso comum que fosse pautado em valores morais que visem o aperfeiçoamento e libertação individual e coletiva dos seres humanos.

Aumentar o poder de compra significa uma vida feliz? Esta receita de felicidade que a mídia nos dá sacia todos os nossos anseios? Estas perguntas são tão enigmáticas quanto às pirâmides do mundo antigo. São moralistas e ultrapassadas. A pergunta da moda é “o que eu posso ter?” A mídia nos faz esta pergunta, mas até neste caso ela não nos dá o direito de pensar, ela logo nos responde nos intervalos de nossos programas favoritos.



Fábio César Marcelino

27 de junho de 2011

Novos Emergentes


Hoje ninguém mais se surpreende quando ouve alguém dizer que a população brasileira pobre diminuiu. Sabemos que novos ocupantes estão emergindo para as camadas sociais mais elevadas e com isso, um novo cenário vem surgindo e obrigando as pessoas a se adaptarem às novas diretrizes.

São culturas diferentes interagindo umas com as outras, compartilhando dos mesmos espaços, objetos e produtos. Cada qual com sua ideologia cultural começam a compor esse novo cenário. Identidades divergentes se interagem em um mesmo espaço a favor de um mesmo ideal: o consumo. Notebooks, smartphones, iphones ou qualquer outra invenção tecnológica do momento podem ser facilmente consumidas por todos, não é necessário ter escolaridade ou status profissional para estar na moda, basta ter condições financeiras para adquirir os produtos.

Hoje, as classes sociais menos favorecidas tem mais poder de compra nas mãos e, vislumbrados com o poder da sociedade de consumo, eles estão consumindo mais. O fato é que mais dinheiro possibilita mais consumo, que gera mais desenvolvimento para o país e assim, faz os brasileiros mais felizes e satisfeitos por terem condições de comprar uma nova TV. É como dizem, “você é o que você consome”.

Ao que tudo indica, ter acesso a cultura e a educação de qualidade parecem não representar um fator relevante. O sociólogo Costa Ribeiro, afirmou que “no Brasil, as possibilidades de uma pessoa são influenciadas por muitos fatores, como a renda, o patrimônio, o nível cultural da família, bem como pelas redes de relacionamento”. Assim sendo, quais tipos de possibilidades essas novas redes de relacionamento trarão aos ex-pobres? Penso que o novo cenário está propenso a um grande choque cultural e ideológico.

Os governantes antes de afirmarem a mobilidade social de um dado grupo há de se preocupar com os níveis de informação, cultura, qualificação profissional e ensino que estes deverão ter para se manter nas camadas sociais mais elevadas. Para ter uma população em níveis melhores de vida é necessário, antes de tudo, estimular o consumo por cultura, informação e educação.


Jussara Assis

14 de junho de 2011

Mídia e futuro

Estava na frente do computador estudando para a prova de economia, e entre uma pausa e outra, acompanhava a música Aquarela de parceria de Toquinho e Vinícius de Moraes. Acompanhava, porque a internet através de sua multimedialidade possibilita-me a ver e escutar o fragmento de um show, no qual Toquinho reproduzira a música; como também acompanhar a letra. Ao longo da música, Toquinho e Vinícius nos falam de que como um desenho pode servir de aeronave em uma viagem através de nossas almas e, sempre realçando o suporte papel como combustível desta aeronave. “Uma folha qualquer eu desenho um sol amarelo...”

A multimedialidade é uma das principais características da internet, pois ela liberta a música do suporte vinil, liberta a imagem do suporte película e liberta o texto do suporte papel. No seu alforje a internet acopla as demais mídias.

Nessa perspectiva de combinações de várias mídias, surgiram dois posicionamentos em relação à mudança e transição midiática, que vai muito além dos avanços tecnológicos no campo da comunicação: midiamorfose e midiacídio.

Segundo Roger Fidler, midiamorfose seria a transformação da mídia já existente. Esta transformação não condena ao desaparecimento das velhas formas de comunicação, mas determinam uma necessidade de adaptação. Midiacídio é a negação da evolução do campo midiático, conseqüentemente, a “morte” de carreiras de profissionais da comunicação que não se adaptarem a nova realidade.

O midiacídio é real, a “simples” troca de suportes fez do vinil objeto obsoleto, e sua morte foi eminente; hoje o vinil virou uma peça de decoração ou vive em um cantinho com um monte de tralha, da qual nós não conseguimos desfazer.

Nos dias atuais, a comunicação passa a dar uma maior ênfase para o receptor; este goza de autonomia e liberdade: passa a consumir e produzir informações no formato e plataforma que achar melhor. Notebooks, netbook, celulares, smartphones, tablets e outras tantas mídias móveis que surgirem são, sem dúvida nenhuma, grandes rivais da TV e, à medida que estes aparelhos forem popularizando podem fazer da TV o mesmo objeto de decoração ou se tornar tralha da mesma forma que o vinil.

A mídia escrita também não fica atrás; os jornais já disponibilizam uma versão online de seus conteúdos de seus jornais diários, e o nosso velho amigo papel vai perdendo espaço.

Os desenhos e as cartas de amor ganham em cores e agilidade, quando produzidos no corel draw e Word e enviados por e-mail; a subjetividade também permeia estes aplicativos. Mas aqueles que não dominarem tal tecnologia estarão fadados a não exprimir ao mundo suas almas.  E o futuro é terrivelmente incalculável, que... “Sem pedir licença, muda nossa vida e depois convida a rir ou chorar.”




22 de maio de 2011

Mídia, política e espetáculo


Por volta dos anos 60 aos 70, a comunicação tornou-se uma indústria forte e veloz, onde a política passou a utilizar desse novo formato de comunicação, para difundir suas idéias.

Os agentes políticos passaram a atuar na esfera de visibilidade política controlada pela comunicação. A presença da televisão, por exemplo, alterou a atividade política, exigindo alterações e adaptações na configuração interna desse campo. O consumidor dos recursos televisivos consome mais espetáculo que informação, o entretenimento alcança maior destaque devido aos altos índices de audiência que este gera às emissoras de televisão.

Em função da influência persuasiva da TV, as estratégias eleitorais e as políticas em geral tiveram que acompanhar o fluxo das novas tendências e adequar o seu discurso priorizando a utilização de imagens públicas. Destacando aqui a predominância de textos curtos, diretos e fortes. Aqui a linguagem deve ser simples, já que o público alvo (a massa) é dotado de pouco capital cultural e pequeno interesse para assuntos políticos.

Com essa nova postura, as estratégias políticas voltam-se para os públicos que constituem a audiência dos meios de informação e entretenimento, tomando lugar de destaque tudo aquilo que for identificado como escandaloso, incomum ou espetacular. Em outras palavras, toma lugar tudo aquilo que for atrativo ao público alvo.

Assim sendo, há uma grande perda da autenticidade política, onde esta se torna cada vez mais similar aos produtos midiáticos apresentados na TV. A comunicação política serve como mecanismo de controle, manipulação e persuasão.


Jussara Assis

9 de maio de 2011

Enquanto o mundo Explode




As novas tecnologias da informação e comunicação são tão dicotômicas quanto o seu criador: nós, os seres humanos. Elas trazem em si o bem e o mal. Se por um lado as TIC’s, através da difusão da internet, são vista como espaço de manifestação da autonomia; por outro, a mesma internet destrói o espaço público, quebrando a interação face a face entre os indivíduos. Enquanto o mundo explode na fogueira de nossas paixões, as TIC’s emergem do mar com fotos da cidade perdida de Atlântida ou surgem dos céus com imagens das pegadas dos nativos do planeta Marte.

A cultura digital cria novos termos e hábitos para nós, os aflitos seres humanos. Chamam-nos de ator social, individuo, cidadão, consumidor, receptor e, agora somos denominados usuários. E como tal, temos o poder de produzir, gerar e distribuir nossa própria mídia; rompendo com o paradigma das comunicações de massa. Esta liberdade midiática nos deixa benevolente: disseminamos nossa glória e miséria contribuindo com a pluralidade e o multiculturalismo no mundo. Esta é a parte boa das TIC’s.

A cultura digital cria uma nova instituição: a comunidade virtual. O usuário desvincula do contexto local e vincula-se a comunidade global utópica. Nestas comunidades, os usuários agrupam-se com outros usuários com ideais afins, criando sua própria ética e moral, pautadas em valores globais. O nosso vizinho usuário que mora ao lado é um estranho agente causador da explosão do mundo juntamente com sua tribo virtual. Construir e desconstruir comunidades virtuais são o grande barato. Esta é a parte ruim das TIC’s.

Hegel em sua fenomenologia afirma que o homem luta por reconhecimento: “O homem se confirma como ser humano ao arriscar a vida para satisfazer o seu desejo de reconhecimento”. Na era digital podemos fazer a seguinte afirmação: “O homem só se humaniza depois de fazer parte de alguma rede social.”

Fica claro que não conseguimos usar de maneira satisfatória a autonomia na qual as TIC’s, através da internet nos ofertaram. A partir desta mesma autonomia, nos tornamos pessoas sitiadas e individualistas. Perdemos a maior parte do espaço público e agora brigamos por ele usando como ferramenta a internet. Enquanto o mundo explode, nos intervalos dos combates, fazemos compras compartilhadas com os nossos “inimigos virtuais”.

Fábio César Marcelino

23 de abril de 2011

A voz do povo é mesmo a voz de Deus?



Na primeira semana deste mês, a população brasileira foi submetida a mais uma lamentável cena de atentado violento. Como se sabe, alunos de uma escola pública do bairro de Realengo (RJ) foram baleados por um jovem, ex-aluno da escola, de 22 anos.

Diante da tragédia do Realengo, as autoridades públicas colocaram em discussão novamente o tema desarmamento. Mais uma vez vem à tona a possibilidade de um plebiscito, sendo que em outubro de 2005, milhões de cidadãos brasileiros compareceram às urnas para votar no referendo sobre o desarmamento.

Um referendo tem como objetivo consultar a opinião pública a cerca de um fato relevante à sociedade. Coloca-se em votação a procedência de uma lei, já elaborada e aprovada pelos órgãos governamentais responsáveis.

O plebiscito, no entanto, tem como meta avaliar, através da opinião pública, um tema que ainda não haja uma lei pré-estabelecida.

Vamos aos fatos. Como recentemente já houve uma manifestação da sociedade sobre o assunto (desarmamento), estaria a opinião pública, coletada em 2005, sendo emudecida diante dos novos fatos? E qual seria a necessidade de um plebiscito?

Como representantes do povo, esperamos uma postura que condiz com a opinião pública, mesmo quando esta se mostrar avessa aos interesses políticos.

Jussara Assis