17 de março de 2012

Um caso para lá de polêmico




Quando você vai à algum evento, normalmente se espera encontrar jovens modelos, de beleza admirável, educadamente te oferecendo os produtos em exposição, correto?

Mas e se, por um acaso, esse estereótipo fosse substituído por pessoas comuns, destituídas muitas vezes de corpos esculturais e sorrisos encantadores? Ou melhor, se ao invés de jovens modelos a partir de agora moradores de rua fossem os novos garotos e garotas propaganda nos eventos?

É, pois vamos acostumando. Esta semana li uma matéria informando que a agência de marketing BBH, dos EUA, contratou mendigos para serem seus “outdoors” móveis. A ação ocorreu assim: durante uma conferência sobre tecnologia, no estado do Texas, os mendigos circulavam nas áreas de maior aglomeração vestindo uma camisa informando o nome de cada um e um código, do tipo: “Sou John, ponto de acesso 4G”, isso porque a internet poderia estar sobrecarregada naquele espaço e o ponto de acesso de 4 gigas, oferecido por John, solucionaria os problemas e permitiria uma navegação com maior velocidade. A campanha é chamada de “Pontosde acesso de mendigos” e que, segundo a notícia, é considerada como um “experimento de caridade”.

Afinal, é ou não é uma notícia para lá de polêmica? Seria uma oportunidade de trabalho honesto para os desabrigados ou estes estariam sendo usados como meros atores para ganhar visibilidade e destaque frente as outras campanhas? Há quem diga que seja as duas coisas e isso, eu concordo. Não há como duvidar que foi uma oportunidade de trabalho honesta, que de algum modo propiciou condições financeiras para essas pessoas que pudessem se alimentar e adquirir algo que desejavam. No entanto, não podemos negar que a agência planejando uma repercussão e consequentemente a visibilidade de seu produto, escolheu não por acaso mendigos para os servirem e assim polemizar e gerar espanto.

Mas e você, o que pensa a respeito da estratégia mercadológica utilizada pela BBH?

Até breve,
Jussara Assis

4 de março de 2012

Futebol e capital: Red Bull Brasil


Todo amante de futebol gosta de está sempre bem informado sobre o esporte mais popular do mundo: não de conteúdo evasivo e superficial disponibilizado pela grande mídia, mas sim, da história das competições, das estatísticas, dos números frios, mas que narram emoções de partidas épicas que entraram para a história do esporte bretão.

Revista Placar e Jornal O Lance eram até a popularização da internet as grandes fontes de pesquisa sobre futebol. Hoje temos sites e blogs primorosos que disponibilizam conteúdo sobre futebol. Os blogs minhas camisas e o gol merecem destaque pelo vasto conteúdo sobre o futebol de ontem e de hoje. Na mídia de massa, temos o site da globo esporte que, atenta a demanda por estes conteúdos, oferecem aos usuários o futpédia – enciclopédia virtual com um sem número de dados sobre as principais competições nacionais e internacionais, assim como os resultados deste mesmos campeonatos. 

Como bom mineiro, sou atleticano, mas tenho simpatia por outros clubes; certo dia fui ver como anda o São José, simpático clube do interior paulista que, no atual momento disputa a Série A2 do Campeonato Paulista. O “Águia do Vale”, como é conhecido o time de São José dos Campos está na parte intermediária da tabela. O líder é o desconhecido Red Bull do Brasil. Logo imaginei ser uma equipe patrocinada pela multinacional austríaca, líder mundial em bebidas energéticas, Red Bull. Pelo contrário, o Red Bull Brasil é uma equipe controlada pela Red Bull Company Gmbh. Com o slogan “Red Bull” te dá asas, a multinacional entra pesado no esporte, associando a sua marca a equipes de futebol como forma de exercer ainda mais a sua supremacia no mercado.

Coragem, desafio e desempenho. Com estes atributos a empresa procura gerar na mente de seus consumidores a idéia de superação, quando se consome o energético e, atrelar a sua imagem ao futebol que, também pressupõe superação, faz com que o Red Bull Brasil já nasça com a alcunha de time vencedor. Nesta perspectiva, a empresa remete a idéia de que seu consumidor/torcedor, que por natureza possui um espírito aventureiro, só estará preenchido se estiver vinculado à empresa, pois só o Red Bull “te dá asas” proporcionando inúmeras emoções.

O RedBull Brasil foi fundado em 19 de novembro de 2007, mas já possui dois títulos: campeão da segunda divisão do campeonato paulista 2009 e, campeão paulista da série A3, em 2010. Os objetivos são bem audaciosos: visa chegar à elite do futebol paulista e nacional. Manda as suas partidas no estádio Moisés Lucarelli, pertencente à Ponte Preta da cidade de Campinas. A equipe está instalada em Jarinu, no hotel fazenda Estância Santa Filomena, na qual possui uma parceria com a mesma de usufruir do espaço com exclusividade até 2015. Um dado relevante é que existem mais quatro equipes com o mesmo nome. Segundo a empresa seriam co-irmãos: O Red Bull Brasil, O Red Bull Ghana, Red Bull New York, dos EUA, Red Bull Salzburg, da Áustria, Red Bull Leipzing, da Alemanha. Os dois primeiros clubes foram criados recentemente. Os três últimos foram aquisições da empresa. São clubes que já possuíam uma história, um nome, mas tiveram que mudar toda a sua estrutura.

Da mesma forma que a bebida é padronizada em todo mundo, no que diz respeito ao rótulo da lata, seus clubes também são: uniforme, padrão de jogo e mascote – o touro – são iguais, salvo o portal das equipes que sofrem ligeira diferença em seus layouts. Apresar de ser uma equipe estabelecida no estado de São Paulo, a mesma não se refere como uma equipe paulista, pois se limitaria a ser uma equipe regional. Tanto que, em seu portal, “o Toro Loko brasileiro” não informa o endereço, localidade e estado de sua sede no Brasil. O clube quer ser visto como uma equipe nacional, por isso, que seu nome é Red Bull Brasil.

Devido ao alto investimento que a empresa faz na sua equipe brasileira, e sua boa colocação na tabela da serie A2, podemos vislumbrar para o ano que vem um “clássico” na principal divisão paulista: Corinthians versus Red Bull Brasil, e mais em frente, outro “clássico”, agora em nível nacional: Flamengo versus Red Bull Brasil.

Enquanto isto, equipes tradicionais do interior do estado de São Paulo vão agonizando, devido à falta de recursos financeiros. Se era muito difícil competir contra “os grandes da capital”, agora fica mais difícil ainda com a entrada destas equipes recém formadas, mas com grandes investimentos. Algumas equipes foram extintas, outras mudaram de cidade e as demais se viram como pode.

Termino esta publicação mandando um “salve” para os torcedores do São José de São José dos Campos, Ferroviária de Araraquara, Internacional de Limeira, XV de Piracicaba, Botafogo de Ribeirão Preto, Rio Branco de Americana, Araçatuba, América de São José do Rio Preto e o Noroeste Bauru.

Fábio César Marcelino