Quando
você vai à algum evento, normalmente se espera encontrar jovens modelos, de
beleza admirável, educadamente te oferecendo os produtos em exposição, correto?
Mas e
se, por um acaso, esse estereótipo fosse substituído por pessoas comuns,
destituídas muitas vezes de corpos esculturais e sorrisos encantadores? Ou
melhor, se ao invés de jovens modelos a partir de agora moradores de rua fossem
os novos garotos e garotas propaganda nos eventos?
É,
pois vamos acostumando. Esta semana li uma matéria informando que a agência de
marketing BBH, dos EUA, contratou mendigos para serem seus “outdoors” móveis. A
ação ocorreu assim: durante uma conferência sobre tecnologia, no estado do
Texas, os mendigos circulavam nas áreas de maior aglomeração vestindo uma
camisa informando o nome de cada um e um código, do tipo: “Sou John, ponto de
acesso 4G”, isso porque a internet poderia estar sobrecarregada naquele espaço
e o ponto de acesso de 4 gigas, oferecido por John, solucionaria os problemas e
permitiria uma navegação com maior velocidade. A campanha é chamada de “Pontosde acesso de mendigos” e que, segundo a notícia, é considerada como um “experimento
de caridade”.
Afinal,
é ou não é uma notícia para lá de polêmica? Seria uma oportunidade de trabalho
honesto para os desabrigados ou estes estariam sendo usados como meros atores
para ganhar visibilidade e destaque frente as outras campanhas? Há quem diga
que seja as duas coisas e isso, eu concordo. Não há como duvidar que foi uma oportunidade
de trabalho honesta, que de algum modo propiciou condições financeiras para
essas pessoas que pudessem se alimentar e adquirir algo que desejavam. No
entanto, não podemos negar que a agência planejando uma repercussão e
consequentemente a visibilidade de seu produto, escolheu não por acaso mendigos
para os servirem e assim polemizar e gerar espanto.
Mas e
você, o que pensa a respeito da estratégia mercadológica utilizada pela BBH?
Todo
amante de futebol gosta de está sempre bem informado sobre o esporte mais
popular do mundo: não de conteúdo evasivo e superficial disponibilizado pela
grande mídia, mas sim, da história das competições, das estatísticas, dos números
frios, mas que narram emoções de partidas épicas que entraram para a história do
esporte bretão.
Revista
Placar e Jornal O Lance eram até a popularização da internet as grandes fontes
de pesquisa sobre futebol. Hoje temos sites e blogs primorosos que
disponibilizam conteúdo sobre futebol. Os blogs minhas camisas e o gol merecem
destaque pelo vasto conteúdo sobre o futebol de ontem e de hoje. Na mídia de
massa, temos o site da globo esporte que, atenta a demanda por estes conteúdos,
oferecem aos usuários o futpédia – enciclopédia virtual com um sem número de
dados sobre as principais competições nacionais e internacionais, assim como os
resultados deste mesmos campeonatos.
Como bom
mineiro, sou atleticano, mas tenho simpatia por outros clubes; certo dia fui
ver como anda o São José, simpático clube do interior paulista que, no atual
momento disputa a Série A2 do Campeonato Paulista. O “Águia do Vale”, como é
conhecido o time de São José dos Campos está na parte intermediária da tabela.
O líder é o desconhecido Red Bull do Brasil. Logo imaginei ser uma equipe
patrocinada pela multinacional austríaca, líder mundial em bebidas energéticas,
Red Bull. Pelo contrário, o Red Bull Brasil é uma equipe controlada pela Red
Bull Company Gmbh. Com o slogan “Red Bull” te dá asas, a multinacional entra
pesado no esporte, associando a sua marca a equipes de futebol como forma de exercer
ainda mais a sua supremacia no mercado.
Coragem,
desafio e desempenho. Com estes atributos a empresa procura gerar na mente de seus
consumidores a idéia de superação, quando se consome o energético e, atrelar a
sua imagem ao futebol que, também pressupõe superação, faz com que o Red Bull
Brasil já nasça com a alcunha de time vencedor. Nesta perspectiva, a empresa
remete a idéia de que seu consumidor/torcedor, que por natureza possui um
espírito aventureiro, só estará preenchido se estiver vinculado à empresa, pois
só o Red Bull “te dá asas” proporcionando inúmeras emoções.
O RedBull Brasil foi fundado em 19 de novembro de 2007, mas já possui dois títulos: campeão
da segunda divisão do campeonato paulista 2009 e, campeão paulista da série A3,
em 2010. Os objetivos são bem audaciosos: visa chegar à elite do futebol
paulista e nacional. Manda as suas partidas no estádio Moisés Lucarelli,
pertencente à Ponte Preta da cidade de Campinas. A equipe está instalada em
Jarinu, no hotel fazenda Estância Santa Filomena, na qual possui uma parceria
com a mesma de usufruir do espaço com exclusividade até 2015. Um dado relevante
é que existem mais quatro equipes com o mesmo nome. Segundo a empresa seriam
co-irmãos: O Red Bull Brasil, O Red Bull Ghana, Red Bull New York, dos EUA, Red
Bull Salzburg, da Áustria, Red Bull Leipzing, da Alemanha. Os dois primeiros
clubes foram criados recentemente. Os três últimos foram aquisições da empresa.
São clubes que já possuíam uma história, um nome, mas tiveram que mudar toda a
sua estrutura.
Da mesma
forma que a bebida é padronizada em todo mundo, no que diz respeito ao rótulo
da lata, seus clubes também são: uniforme, padrão de jogo e mascote – o touro –
são iguais, salvo o portal das equipes que sofrem ligeira diferença em seus
layouts. Apresar de ser uma equipe estabelecida no estado de São Paulo, a mesma
não se refere como uma equipe paulista, pois se limitaria a ser uma equipe
regional. Tanto que, em seu portal, “o Toro Loko brasileiro” não informa o
endereço, localidade e estado de sua sede no Brasil. O clube quer ser visto
como uma equipe nacional, por isso, que seu nome é Red Bull Brasil.
Devido ao
alto investimento que a empresa faz na sua equipe brasileira, e sua boa
colocação na tabela da serie A2, podemos vislumbrar para o ano que vem um
“clássico” na principal divisão paulista: Corinthians versus Red Bull Brasil, e
mais em frente, outro “clássico”, agora em nível nacional: Flamengo versus Red
Bull Brasil.
Enquanto
isto, equipes tradicionais do interior do estado de São Paulo vão agonizando,
devido à falta de recursos financeiros. Se era muito difícil competir contra
“os grandes da capital”, agora fica mais difícil ainda com a entrada destas
equipes recém formadas, mas com grandes investimentos. Algumas equipes foram
extintas, outras mudaram de cidade e as demais se viram como pode.
Termino
esta publicação mandando um “salve” para os torcedores do São José de São José
dos Campos, Ferroviária de Araraquara, Internacional de Limeira, XV de
Piracicaba, Botafogo de Ribeirão Preto, Rio Branco de Americana, Araçatuba, América
de São José do Rio Preto e o Noroeste Bauru.