22 de maio de 2011

Mídia, política e espetáculo


Por volta dos anos 60 aos 70, a comunicação tornou-se uma indústria forte e veloz, onde a política passou a utilizar desse novo formato de comunicação, para difundir suas idéias.

Os agentes políticos passaram a atuar na esfera de visibilidade política controlada pela comunicação. A presença da televisão, por exemplo, alterou a atividade política, exigindo alterações e adaptações na configuração interna desse campo. O consumidor dos recursos televisivos consome mais espetáculo que informação, o entretenimento alcança maior destaque devido aos altos índices de audiência que este gera às emissoras de televisão.

Em função da influência persuasiva da TV, as estratégias eleitorais e as políticas em geral tiveram que acompanhar o fluxo das novas tendências e adequar o seu discurso priorizando a utilização de imagens públicas. Destacando aqui a predominância de textos curtos, diretos e fortes. Aqui a linguagem deve ser simples, já que o público alvo (a massa) é dotado de pouco capital cultural e pequeno interesse para assuntos políticos.

Com essa nova postura, as estratégias políticas voltam-se para os públicos que constituem a audiência dos meios de informação e entretenimento, tomando lugar de destaque tudo aquilo que for identificado como escandaloso, incomum ou espetacular. Em outras palavras, toma lugar tudo aquilo que for atrativo ao público alvo.

Assim sendo, há uma grande perda da autenticidade política, onde esta se torna cada vez mais similar aos produtos midiáticos apresentados na TV. A comunicação política serve como mecanismo de controle, manipulação e persuasão.


Jussara Assis

9 de maio de 2011

Enquanto o mundo Explode




As novas tecnologias da informação e comunicação são tão dicotômicas quanto o seu criador: nós, os seres humanos. Elas trazem em si o bem e o mal. Se por um lado as TIC’s, através da difusão da internet, são vista como espaço de manifestação da autonomia; por outro, a mesma internet destrói o espaço público, quebrando a interação face a face entre os indivíduos. Enquanto o mundo explode na fogueira de nossas paixões, as TIC’s emergem do mar com fotos da cidade perdida de Atlântida ou surgem dos céus com imagens das pegadas dos nativos do planeta Marte.

A cultura digital cria novos termos e hábitos para nós, os aflitos seres humanos. Chamam-nos de ator social, individuo, cidadão, consumidor, receptor e, agora somos denominados usuários. E como tal, temos o poder de produzir, gerar e distribuir nossa própria mídia; rompendo com o paradigma das comunicações de massa. Esta liberdade midiática nos deixa benevolente: disseminamos nossa glória e miséria contribuindo com a pluralidade e o multiculturalismo no mundo. Esta é a parte boa das TIC’s.

A cultura digital cria uma nova instituição: a comunidade virtual. O usuário desvincula do contexto local e vincula-se a comunidade global utópica. Nestas comunidades, os usuários agrupam-se com outros usuários com ideais afins, criando sua própria ética e moral, pautadas em valores globais. O nosso vizinho usuário que mora ao lado é um estranho agente causador da explosão do mundo juntamente com sua tribo virtual. Construir e desconstruir comunidades virtuais são o grande barato. Esta é a parte ruim das TIC’s.

Hegel em sua fenomenologia afirma que o homem luta por reconhecimento: “O homem se confirma como ser humano ao arriscar a vida para satisfazer o seu desejo de reconhecimento”. Na era digital podemos fazer a seguinte afirmação: “O homem só se humaniza depois de fazer parte de alguma rede social.”

Fica claro que não conseguimos usar de maneira satisfatória a autonomia na qual as TIC’s, através da internet nos ofertaram. A partir desta mesma autonomia, nos tornamos pessoas sitiadas e individualistas. Perdemos a maior parte do espaço público e agora brigamos por ele usando como ferramenta a internet. Enquanto o mundo explode, nos intervalos dos combates, fazemos compras compartilhadas com os nossos “inimigos virtuais”.

Fábio César Marcelino