Créditos: Carlos Latuff - 2012 |
“Memória de um tempo onde
lutar por seus direitos é um defeito que mata/ São tantas lutas inglórias, são
histórias que a história qualquer dia contará”. Este trecho faz parte de uma
canção de Gonzaguinha, “Pequena
memória para um tempo sem memória (A legião dos esquecidos)”,
o artista fala do tratamento que a história
nacional dá para essas pessoas que estão desaparecidas ou foram mortas pelo golpe
deflagrado, em 1964, pelos políticos, empresários e militares financiados pelo
governo americano.
Naquele contexto, os militares tomaram o poder no Brasil e instauraram o
Estado Ditatorial, que perdurou por mais de duas décadas e seus efeitos são
sentidos ainda hoje, 50 anos depois, através do atraso social, econômico e
cultural em que o país se encontra.
A história deste tempo doente, que apresenta toda a
agonia de uma nação, é mal contada, pois quem conta teve um papel ativo na
instauração do golpe: a imprensa brasileira. Em uma história cheia de lacunas e contradições, a
mídia se coloca como uma instituição que fora perseguida e censurada. No entanto, seu papel foi decisivo na
instauração, propagação e sustentação do regime.
Diante da complacência da grande mídia brasileira, surgem
os veículos alternativos que, de forma heroica, buscavam denunciar os abusos do
regime. Jornais impressos como “Versus”, “Opinião”, “Pif-paf” e o mais famosos
deles, o “Pasquim” cobravam, cada um a seu modo, a volta da democracia, o
respeito aos direitos humanos e criticavam o modelo econômico da época. E,
claro, todos foram “calados pela ditadura”.
Sobre diretitos humanos, segundo os números
oficiais do governo federal, 357 pessoas foram mortas pelo regime. Já os familiares destas
pessoas que se envolveram na luta contra a ditadura, afirmam que 426 pessoas
foram assassinadas. Em um estudo formulado pela Comissão Nacional da Verdade,
entidade criada pelo governo brasileiro para apurar violações aos direitos
humanos, ocorridas no Brasil, entre 1946 e 1988, afirma que mais de 600 outras
pessoas teriam sido mortas, mas que não estão relacionadas nesta lista.
Em 31 de agosto de 2013, o Jornal O Globo, veículo
de propriedade das organizações Globo, lança um editorial admitindo seu apoio aos
militares na época, porém classificou o ato como um equívoco. No entanto, tal
retratação não responde aos vários questionamentos feitos por aqueles que
vivenciaram aquele período dramático. A mídia vista como voz da opinião
pública, credível formadora de opinião, deve uma resposta satisfatória para a
sociedade, pois esta mesma mídia que ontem apoiou o golpe, é a mesma que exerce
grande influência sobre nossa sociedade.