O assunto da vez é o suposto ataque dos norte americanos a rede brasileira, afinal os grandes veículos midiáticos não falam em outra coisa. Parece que os assuntos sobre “manifestações, reforma política, PEC 37, corrupção e plebiscito” encontraram um potencial substituto. Ou melhor, jogaram um bom e velho balde de água fria na população inquieta e enfurecida que havia acordado há pouco. É a mídia, o 4° poder, se aliando mais uma vez às forças políticas para investigar, apurar e manter a população sempre bem informada. Mas afinal do que se trata essa “invasão”?
Trata-se
de uma denúncia que supostamente o governo brasileiro tenha recebido no início
deste mês. O relato diz informar que os nossos vizinhos norte-americanos
estariam, por meio da Agência Nacional de Segurança Norte-Americana (NSA),
investigando a vida de algumas pessoas e empresas no Brasil. Mas será mesmo? E
o que isso pode ter de tão grave sendo que a prática de comercializar dados
pessoais é tão comum no nosso país e no mundo?
Os
milhões de usuários do Facebook, por exemplo, representam individualmente um
valor comercial na rede. Quando você curte determinado tipo de coisa suas
preferências vão sendo arquivadas para traçar seu perfil de consumidor e, em um
belo dia ensolarado, anunciantes bombardearão sua conta do Facebook com
supostos produtos e serviços de sua preferência. Mas não é só no Facebook, as contas de e-mail
também comercializam nossos dados: se você recebe emails de algum canal de
esporte, por exemplo, observe que a aba de anunciantes mostrará algumas opções
para satisfazer sua vontade enquanto consumidor. E não para por aí. Quem já se
inscreveu em sites de compra coletiva ou em algum outro site de sua preferência
para apenas receber a newsletter e aceitou o tal “TERMO DE USO” sem ler o que
estava ali? Pois é ai que mora o perigo. Às vezes recebemos e-mails que não
sabemos de onde surgiram, sempre oferecendo produtos, viagens, cursos etc, não
é verdade? Então, esse é o retrato da comercialização de nossos dados pessoais
entre esses canais, venda de mailing é uma prática comum. O que acha disso? Não
seria também uma invasão?
Só
não pode ser considerada invasão porque ingenuamente aceitamos o termo de uso
daquela rede, site, página ou canal. Colocamos nossas informações em uma
bandeja de prata e servimos com cordialidade os nossos possíveis vendedores. E
enquanto tudo isso acontece naturalmente o governo brasileiro parece “muito
assustado” com a denúncia da invasão dos EUA. Porém, não é somente nas redes
que estamos sendo invadidos. Afinal, contar com os serviços públicos de saúde,
transporte, educação e, ainda, ter que pagar altas taxas de impostos e juros,
podemos também considerar que há uma grande e importante invasão aqui e que
merece também ser apurada e investigada. Acorda Brasil ou dormirá eternamente
em berço esplêndido.
Até
breve,
Jussara
Assis