9 de maio de 2011

Enquanto o mundo Explode




As novas tecnologias da informação e comunicação são tão dicotômicas quanto o seu criador: nós, os seres humanos. Elas trazem em si o bem e o mal. Se por um lado as TIC’s, através da difusão da internet, são vista como espaço de manifestação da autonomia; por outro, a mesma internet destrói o espaço público, quebrando a interação face a face entre os indivíduos. Enquanto o mundo explode na fogueira de nossas paixões, as TIC’s emergem do mar com fotos da cidade perdida de Atlântida ou surgem dos céus com imagens das pegadas dos nativos do planeta Marte.

A cultura digital cria novos termos e hábitos para nós, os aflitos seres humanos. Chamam-nos de ator social, individuo, cidadão, consumidor, receptor e, agora somos denominados usuários. E como tal, temos o poder de produzir, gerar e distribuir nossa própria mídia; rompendo com o paradigma das comunicações de massa. Esta liberdade midiática nos deixa benevolente: disseminamos nossa glória e miséria contribuindo com a pluralidade e o multiculturalismo no mundo. Esta é a parte boa das TIC’s.

A cultura digital cria uma nova instituição: a comunidade virtual. O usuário desvincula do contexto local e vincula-se a comunidade global utópica. Nestas comunidades, os usuários agrupam-se com outros usuários com ideais afins, criando sua própria ética e moral, pautadas em valores globais. O nosso vizinho usuário que mora ao lado é um estranho agente causador da explosão do mundo juntamente com sua tribo virtual. Construir e desconstruir comunidades virtuais são o grande barato. Esta é a parte ruim das TIC’s.

Hegel em sua fenomenologia afirma que o homem luta por reconhecimento: “O homem se confirma como ser humano ao arriscar a vida para satisfazer o seu desejo de reconhecimento”. Na era digital podemos fazer a seguinte afirmação: “O homem só se humaniza depois de fazer parte de alguma rede social.”

Fica claro que não conseguimos usar de maneira satisfatória a autonomia na qual as TIC’s, através da internet nos ofertaram. A partir desta mesma autonomia, nos tornamos pessoas sitiadas e individualistas. Perdemos a maior parte do espaço público e agora brigamos por ele usando como ferramenta a internet. Enquanto o mundo explode, nos intervalos dos combates, fazemos compras compartilhadas com os nossos “inimigos virtuais”.

Fábio César Marcelino

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