8 de outubro de 2012

Navegar é preciso; viver não é preciso.



Ontem o dia nasceu apático e enfadonho em todas as cidades brasileiras. Não que o tempo estivesse nascido acinzentado e chuvoso, pelo contrário, a chuva sempre será bem vinda. A data dominical do dia 07 de outubro foi dedicada as eleições municipais: dia de escolher quem serão nossos representantes – prefeito e vereadores por pelos próximos 4 anos.

O tempo feio do qual me refiro é a chuva de “santinhos de candidatos” contendo propaganda hipócrita e demagógica, e que inundam os becos, ruas e avenidas afogando grande parte da população brasileira na calmaria do Mar da Apatia. Ficar a deriva neste oceano faz parte de nossa cultura.

O Brasil República nasceu sobre o signo da apatia. Tanto a Independência do Brasil, quanto a Proclamação da República, foram marcados pela pouca ou nenhuma participação popular. São dois eventos de cunho revolucionário, que pressupunha a participação maciça do povo, e que podem se definidos com a frase célebre dita em 26 de julho de 1930, por um político expressivo da época: “Façamos a revolução antes que o povo a faça”.

Este modelo de política de favorecimento das elites permeia a história do Brasil. O Estado detentor do poder político nunca permitiu a participação ativa e efetiva da população na política. Golpes e ditaduras foram realizados, com o intuito de manter os grupos hegemônicos no poder. O resultado de tal política assistencialista, que faz dos direitos do povo uma concessão do estado, são cidadãos apáticos e submissos, que assumem papel secundário na sociedade brasileira. Sergio Rouanet fala sobre a política na pós-modernidade: “Há certo risco de carnavalização da política: uma festa que alguns adolescentes saem periodicamente às ruas num simpaticíssimo protesto [...] e, no intervalo a letargia.” ou a apatia.

Fica a sensação terrível em que tudo está em seu devido lugar, que a ordem natural das coisas seja esta da qual nós vivemos.

Fábio César Marcelino

 

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