17 de abril de 2011

A internet e a matraca

Em plena era da informação ainda estamos mal informados. Paradoxal e contraditória, esta afirmação permeia nossas interações. A internet vista como ferramenta midiática do homem pós-moderno, carrega consigo seus antagonismos.

Ora, se por um lado a internet democratiza a informação, fazendo que meros atores sociais produzam e disseminam informações na Web através de sites de relacionamento; por outro lado, devido à informação ter este caráter especializado e dirigido, notícias relevantes, mas das vezes, perdem o sentido.

Pois bem, a manchete do jornal Hoje em Dia veiculada no dia 04/04/2011 na sua própria pagina na Web tinha o seguinte titulo “Alimento sobe o dobro da inflação em Belo Horizonte”. Esta informação não beneficia segmento A ou B, a mesma é de utilidade publica; estamos falando aqui de bens essenciais, que estão sofrendo um aumento abusivo e, esta subida nos preços dos alimentos, tem impacto em toda a sociedade.  Segundo Wanderley Ramalho, coordenador da pesquisas do Ipead (Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e contábeis de Belo Horizonte) “...em algum momento haverá redução de preços, mas a tendência é que, neste ano, a inflação continue sofrendo forte impacto dos produtos alimentares”. Afirmou o coordenador.

A internet tem potencial para ser decisiva na mobilização da sociedade devido ao seu grande efeito multiplicador de informações. Do mesmo modo que foi feito no Egito com a queda do ditador Hosni Mubaraki, a internet teve fator determinante, pois foi através das redes sociais que a população egípcia marcava e combinava os protestos que culminaram na queda do ditador.

A notícia da alta dos alimentos deveria veicular por toda imprensa, de massa ou dirigida, causando um imenso alvoroço. Mas não, esta noticia não permeia nem o privado e nem o espetacular; ela repousa no sofá da nossa inércia, ávida para assistir mais um capítulo da novela.

Mas este é “um caso de matraca”.  Além de ser um instrumento de percussão, a matraca já serviu como meio de comunicação na época do Brasil – Colônia e, foi mencionado por Machado de Assis no livro “O Alienista”. Pagava-se uma pessoa para girar a matraca em um ponto estratégico da comunidade, depois de chamar a atenção de todos com seu barulho, a pessoa incumbida de girar a matraca, informava todos os tipos de noticia para a população.

Se a matraca não tem o mesmo efeito multiplicador de informação que a internet possui, ela serve ao menos, para perturbar na hora da novela. Machado de Assis asseverou que a matraca não equivalia no estilo moderno para veicular informação, mas “Sempre haverá tempo de dar à matraca”.

Fábio César Marcelino

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