11 de janeiro de 2012

Música e Religião



A data de 18 de dezembro de 2011 entrou para a história da comunidade gospel brasileira, como uma data profana e sagrada. Neste dia, a Rede Globo exibiu na sua programação um show gospel denominado Festival Promessa que, em termos de público foi um fiasco; mas a repercussão grandiosa. Um grande racha no meio gospel estabeleceu-se: para alguns, a propagação da palavra de Deus; para outros, uso da palavra de Deus para ganhar dinheiro. Mas todos são unanimes em afirmar que a canção gospel não é só uma mera composição musical, em termos populares, é uma musica de Deus. Me faz lembrar o saudoso Nelson Rodrigues que afirmava: “Toda a unanimidade é burra”.

Na atualidade, a música é, sem sombra de dúvida, instrumento de comunicação. Dotada de poder simbólico e capital cultural – segundo os especialistas, tem o poder de interferir no curso dos acontecimentos, provocando reações, agitando as massas, enfim, influenciando as ações dos outros por meio da produção e transmissão de formas simbólicas – a música religiosa trás consigo valores espirituais, crenças salvacionistas e, de certa forma, algum antagonismo que, na maioria das vezes,  fazem estas instituições religiosas rivalizarem  entre si pelo o monopólio da fé.

Por ter cunho religioso, estas canções teriam que trazer mensagens de fé e amor independente de raça, religião ou cultura. Mas, em busca deste monopólio, estas mesmas músicas criam um abismo enorme entre nós seres humanos – indivíduos de muita religião e pouca fé. Como nós não conseguimos classificar a magnitude de Deus, damos a Ele, atributos humanos e, é como se o próprio Deus assinasse a autoria destas composições.

Leonardo Boff, colunista do Jornal O Tempo, escreveu um texto denominado “Ver e ouvir a natureza, e não só vê-la, como é o nosso hábito” fala como não conseguimos entender as mensagens que a natureza nos envia. Filosofo e teólogo, ele afirma que a revelação divina se faz primeiramente pela natureza: através da sinfonia dos pássaros, da melodia das cachoeiras, do assovio dos ventos etc. Mesmo maltratando a natureza ela canta e sorri para nós.

Sendo assim, fico com a música da natureza; sem maltratar aos meus ouvidos, ela me convida a um exame sem extremismo a um olhar crítico e fraterno para todas as coisas que me rodeia. Explicando-me, sem delongas, que todos somos filhos de Deus.

Fábio César Marcelino


4 comentários:

  1. Acredito que toda manifestação de louvor a Deus é válida, desde que cative os fiéis para o serviço divino. Os eventos Gospels, com suas vozes e instrumentos espetaculares, cada vez mais vem ganhando espaço pela beleza de seus shows. Não vejo problema nenhum em se ganhar dinheiro com isso. Desde que o benefício não seja apenas individual, mas sim coletivo, através da caridade, de ajuda aos mais necessitados. Acredito que esse sim deve ser o ideal de louvor a Deus: fazer o bem ao próximo!

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    1. Leandro obrigado por ter deixado a sua opinião.
      A nossa crítica não é para uma religião A ou B, pelo contrário, o que nos deixa receosos é a "espetacularização da fé". Tememos que a fé se transforme em mais um mero produto midiático.
      Continue participando conosco. Até a próxima postagem.

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  2. "a revelação divina se faz primeiramente pela natureza: através da sinfonia dos pássaros, da melodia das cachoeiras, do assovio dos ventos etc. Mesmo maltratando a natureza ela canta e sorri para nós."

    Com certeza a natureza é sim a primeira manifestação divina. É magnífico observar o nascer do sol, o florescer da flor. É tudo tão mágico, tão grandioso.
    A natureza nos ensina a amar o proximo sem dinstição, mesmo que nós humanos não a damos o devido valor ela a cada dia nos surpreende com um espetáculo cada vez mais belo de se ver!

    Parabéns pelo texto e pelo blog!

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  3. Nayara, agradecemos pela mensagem e continue participando conosco.
    Até a próxima postagem.

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